O surgimento do conceito de gestão de pessoas caminha lado a lado com o conceito de Recursos Humanos tal qual conhecemos hoje. Nesse sentido, ele surgiu diante da necessidade de valorização e retenção dos talentos nas organizações, em consonância com um novo modo de pensar a sociedade e o comportamento humano.
A evolução do conceito trouxe, consigo, a identificação, teorização e análise dos modelos de gestão. Conhecer quais são esses modelos, suas características, os principais objetivos de cada um deles, além de entender como implementá-los da melhor maneira possível é fundamental para orientar ações e caminhar rumo a bons resultados na empresa.
Neste artigo, vamos nos aprofundar no assunto e explicar todos esses pontos, para que você possa definir o melhor modelo de gestão para a sua empresa. Vamos lá?
O que são modelos de gestão?
Modelos de gestão são formas de gerenciar o capital humano de uma empresa com base em premissas pré-estabelecidas e adaptadas ao contexto organizacional. Os modelos se constituem a partir da abrangência de aspectos discutidos por escolas administrativas.
De acordo com Victor et al. (2005), para ser realmente relevante e útil, o modelo de gestão precisa ter três indicadores principais e complementares entre si:
- o de eficiência: execução de atividades de forma racional, sempre tendo em vista a relação custo-benefício, além de seguir sempre as normas e regulamentações implicadas;
- o de eficácia: diz respeito a trazer resultados relevantes e a alcançar, de fato, os objetivos estipulados conforme o plano traçado;
- e o de efetividade: pode ser entendido como a contribuição que a aplicação do modelo tem para a empresa perante a sociedade.
Além disso, segundo Crozatti (1998), os modelos de gestão têm, como características fundamentais:
- é o principal instrumento formador da cultura organizacional;
- direciona e determina as maneiras com que ações serão tomadas na empresa;
- estabelece linhas de poder;
- demarca critérios de análise de desempenho e, assim, estabelece o nível de importância das coisas na empresa.
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7 principais modelos de gestão e suas características
1. Modelo de gestão por competências
Competências são comportamentos derivados de conhecimentos, capacidades e habilidades que possibilitam às pessoas colaboradoras de uma organização performarem funções que têm relação com os objetivos da empresa. Elas podem ser específicas ou genéricas.
No modelo de gestão por competências, elas são definidas a partir da missão e visão da empresa e de suas metas de médio e longo prazo. Desses objetivos, são definidas atividades críticas em que a empresa deve se destacar, e dessas atividades, as competências necessárias para que essas atividades sejam completadas com sucesso. A definição de competências é feita no nível comportamental, e deve incluir critérios claros que possam diferenciar níveis de domínio e expertise.
São algumas das possibilidades de competências:
- aderência cultural;
- agilidade;
- autodesenvolvimento;
- capacidade analítica;
- comunicação;
- disciplina;
- domínio técnico;
- engajamento;
- entrega de resultados.
2. Gestão Democrática
Como o próprio nome diz, a gestão democrática valoriza e leva em consideração o conhecimento e a opinião das pessoas lideradas. Dessa maneira, as decisões são tomadas diante da participação de várias pessoas envolvidas, assim como o bom andamento e desempenho das atividades também depende delas.
Nesse tipo de gestão, a liderança surge como moderadora e direcionadora quando há necessidade, seja em termos de comunicação, seja no próprio andamento das demandas. Aqui, são maiores as chances de engajamento, motivação e desenvolvimento das pessoas colaboradoras.
3. Gestão Autocrática
Em termos de descentralização, a gestão autocrática se encontra no pólo oposto a esse conceito. Apesar de ser um modelo de gestão controverso, ele pode ter bons resultados, a depender do contexto organizacional, dos objetivos, entre outros fatores.
Nele, a decisão é centralizada em uma pessoa que também se responsabiliza pelas ações e, consequentemente, pelos resultados obtidos. Como ponto positivo, tem-se a centralização das decisões, que podem ser tomadas mais rapidamente. Como ponto negativo, tem-se menos chances de inovação, dada a pouca participação da equipe no processo decisório.
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4. Gestão com foco em resultados
É certo que a maioria das gestões se preocupam — ou pelo menos deveriam se preocupar — com os resultados do negócio. No entanto, nos outros modelos de gestão, o resultado acaba vindo como uma consequência das ações planejadas e implementadas.
Na gestão com foco em resultados, por sua vez, eles, os resultados, são de fato o centro das atenções. Nesse sentido, todo o planejamento, a atuação dos profissionais e o processo decisório têm como objetivo não olhar para os processos em si, mas moldá-los para o atingimento das metas.
Dessa maneira, os resultados devem ser uma preocupação e uma responsabilidade de todas as pessoas da empresa. Em consequência disso, o reconhecimento também deve ter presença constante no atingimento desses resultados.
5. Gestão com foco em processos
Como se deve imaginar, diferentemente da gestão com foco em resultados, a que tem foco em processos se preocupa menos com os resultados gerados e mais com a forma como a empresa é gerenciada e as atividades e demandas acontecem.
Enquanto no modelo anterior os processos são, em parte, negligenciados, neste eles são a parte central da estratégia. No modelo de gestão por processos, atividades, planejamento e planos de ação devem ser seguidos à risca, tendo como objetivo principal a eficácia e a eficiência da estratégia.
Esse modelo exige um acompanhamento ainda mais próximo das lideranças para garantir que todas as etapas e metodologias sejam seguidas à risca.
6. Gestão por cadeia de valor
A palavra primordial para a gestão por cadeia de valor é: cliente. Isso porque esse modelo de gestão tem como foco principal não os clientes e, sim, o cliente. Explicando: a intenção aqui é oferecer um atendimento personalizado para cada tipo de cliente que a empresa tem.
Sua denominação, então, diz respeito ao fato de, nesse modelo, haver muitos esforços no sentido de gerar valor para quem contrata ou consome o produto daquela organização. Desse modo, todo o planejamento é feito pensando nisso e não há um perfil único de liderança.
7. Gestão por performance (ou por desempenho)
A gestão por performance (ou gestão por desempenho) tem como foco o desempenho e, mais do que isso, o desenvolvimento de suas pessoas colaboradoras, tendo em vista a forma como ele se relaciona com o bom andamento da empresa e seus resultados.
Dessa maneira, apesar de, à primeira vista, parecer algo bastante direcionado a cada indivíduo, seus efeitos podem ser percebidos quando, ao analisar todo um grupo que teve seu desempenho acompanhado individualmente, há retornos em termos de atingimento de metas e de objetivos da empresa.
No modelo de gestão por desempenho, a pessoa colaboradora tem benefícios ao se desenvolver profissionalmente na empresa e na sua carreira, assim como a organização se beneficia dos novos conhecimentos e da inovação proporcionada pelo processo.
Diferenciais da gestão por performance
A gestão por performance, ou por desempenho, tem como diferenciais justamente as possibilidades de retorno tanto para as pessoas colaboradoras, quanto para a organização como um todo.
Isso também faz com que ela seja mais “horizontal”, ou seja, dá voz à pessoa colaboradora para que ela se torne dona de seu próprio caminho, direcionando seu conhecimento conforme interesses e oportunidades que enxerga.
Dessa maneira, o senso de dono e o nível de engajamento são maiores do que em outros modelos de gestão, já que o profissional se vê como parte importante de todo o quebra-cabeça chamado empresa.
Os benefícios disso reverberam no melhor clima organizacional, no aumento do e-NPS, na redução da taxa de turnover e, muito possivelmente, no atingimento de metas e no crescimento da empresa.
Como definir o modelo de gestão da empresa?
Depois de conhecer os modelos de gestão existentes, uma dúvida pode surgir: como definir o modelo de gestão a ser aplicado na empresa? Primeiramente, é importante ressaltar que, por mais ideal que possa parecer um modelo de gestão para a sua organização, nenhum estará 100% adaptado à realidade da sua empresa.
Explicamos: ele não “está”, mas “pode ser adaptado”. Isso porque cada organização tem suas particularidades, como missão e visão, e está inserida em um contexto específico, o que torna necessária a análise do panorama organizacional e a adaptação do modelo escolhido conforme o que foi percebido analiticamente.
Ainda, conforme modelo proposto por Galbraith (2001), são várias as dimensões envolvidas para o estabelecimento do modelo de gestão mais adequado para uma empresa. E, dentro de cada uma dessas dimensões, estão os critérios que as compõem. Entre as dimensões, estão:
- Estrutura;
- Tecnologia de informação e processo decisório;
- Pessoas;
- Sistema de recompensa;
- Tarefas.
Porém, mais do que apenas o contexto interno, é preciso considerar também o contexto externo à atividade organizacional. Isso porque o espaço em que ela acontece influencia no seu funcionamento, assim como é influenciada também pela sociedade em que a empresa está inserida, o mercado em que ela atua, a época corrente, entre outros fatores.
Além de tudo, deve-se ter em mente a tendência das organizações pela adoção de modelos cada vez mais descentralizados. Isso se deve à velocidade, intensidade e quantidade com que as informações circulam, bem como as mudanças acontecem — consequências do uso de tecnologias comunicacionais e informacionais.
Nesse sentido, modelos de gestão muito centralizados tornam processos mais burocráticos e lentos, fazendo com que a empresa tenha perdas em termos de vantagem competitiva. Outro importante argumento para a descentralização consiste no fato de que ela provoca maior motivação e engajamento na equipe, assim como seu desenvolvimento mais rápido.
Tem-se, com isso, melhora do clima organizacional, redução da taxa de turnover e maiores chances de alcance das metas e objetivos estabelecidos. Logo, os resultados da empresa como um todo tendem a ser melhores.
Neste artigo, você pôde conferir no que, de fato, consiste um modelo de gestão e do que são compostos. Além disso, foi possível entender mais sobre 7 dos modelos existentes e como implementar um deles na sua empresa.
É importante ter em mente o que mencionamos acerca do contexto interno e externo da empresa. Ainda, nada impede que, após análises aprofundadas ou de uma mudança de estratégia, a empresa passe a convergir para outro modelo que não o definido anteriormente. Lembre-se: contexto é a base de tudo.
E, já que mencionamos os diferenciais do modelo de gestão por desempenho, que tal entender mais sobre isso? Continue no nosso blog e aprofunde seu conhecimento sobre o tema!