No mês de setembro, especificamente, muito se discute sobre saúde mental devido à campanha do Setembro Amarelo. Porém, os debates e ações não devem ser resumidas a esse período do ano. Isso porque a saúde mental e o bem-estar deve ser um assunto constante na sociedade, a fim de aumentar a qualidade de vida e reduzir problemas como ansiedade e depressão.

No caso das empresas, conhecer o que outras organizações fazem e ficar por dentro de pesquisas e estudos com profissionais em nosso país é fundamental. Isso permitirá que as lideranças e os Recursos Humanos implementem estratégias que trarão ganhos o ano todo, o que refletirá diretamente no aumento da produtividade, do engajamento e da satisfação das pessoas de um time, assim como na redução das taxas de turnover e de absenteísmo.

Neste conteúdo, vamos apresentar alguns dados importantes sobre o assunto, além de ressaltar cases de grandes empresas que atuam no sentido de colaborar para uma melhor saúde mental das pessoas colaboradoras. Continue a leitura e saiba mais!

Por que investir em saúde mental na empresa?

Mencionamos brevemente alguns motivos pelos quais as empresas devem atentar para o tema da saúde mental. No entanto, vamos nos aprofundar no assunto mostrando qual é o impacto desse tema no dia a dia da organização.

Antes disso, resolvemos trazer alguns dados estatísticos que mostram qual é o panorama atual em termos de investimento das empresas em ações voltadas para o assunto, assim como números que comprovam a importância de atentar para a saúde mental.

De acordo com um estudo realizado pela Kenoby com mais de 500 profissionais, a saúde mental dos colaboradores entrou na agenda de grande parte dos departamentos de RH nas empresas do país. No levantamento, 37,7% das empresas analisadas contam com benefícios voltados para a melhoria do bem-estar e da saúde mental de times. Ainda que 38,7% não contem com nenhum tipo de recurso, já consideram investir na área em até um ano.

Também segundo o levantamento, 67,3% das pessoas entrevistadas afirmam que as lideranças consideram a saúde mental de profissionais no momento de avaliar as expectativas de colaboradores. Porém, para 93% deles ainda falta mais atenção por parte das empresas para discutir sobre o tema. Em 71,1% das empresas ouvidas não há nenhum tipo de departamento dedicado ao tema, enquanto a maioria (67,4%) já teve afastamento por problemas emocionais.

Na pesquisa, também foi questionado sobre os motivos que levam a danos psicológicos no trabalho. Confira as principais respostas:

  • falta de diálogo com a liderança — 19,1%;
  • assédio moral e constrangimentos — 18,9%;
  • ausência de feedbacks contínuos — 16%;
  • metas difíceis de serem alcançadas — 12,3%.

Além disso, o estudo levou à reflexão sobre os impactos ocasionados pela falta de cuidado com a saúde mental. Entre eles, foram apontados:

  • impacto para a produtividade individual — 36,6%;
  • baixo engajamento — 23,3%;
  • aumento do turnover — 19,6%.

Vamos, então, aos motivos pelos quais é preciso começar a pensar quanto antes em ações que visem a saúde mental das pessoas colaboradoras. Confira a seguir!

Produtividade

A produtividade é um dos primeiros fatores que sofrem a influência da saúde mental comprometida em profissionais. Seja devido à ansiedade, à depressão ou a outros distúrbios, pode acontecer dos profissionais acometidos por algum desses problemas tenham sua produtividade extremamente reduzida. Com isso, há impactos não apenas para ele, como também para o restante da equipe e da empresa.

Alcance de metas e resultados

A baixa produtividade e a diminuição ou o atraso das entregas faz com que seja bastante difícil alcançar metas e resultados estipulados na organização. Isso porque as atividades planejadas não são desenvolvidas adequadamente quando há algum distúrbio em nível emocional ou mental, comprometendo os resultados.

Engajamento

O engajamento de pessoas com algum tipo de problema emocional é naturalmente mais baixo no trabalho. Dessa maneira, ela tende a se isolar e a não participar de atividades rotineiras e simples. O resultado disso pode ser impactos na produtividade, na entrega de resultados e também no convívio social.

Absenteísmo

Ainda que uma pessoa não esteja ausente por todo o tempo no trabalho, ela pode apresentar atrasos constantes e falta de assiduidade em seus compromissos. Isso é chamado absenteísmo e também é uma das consequências dos problemas relacionados à saúde mental.

Desenvolvimento de carreira

Dificilmente uma pessoa acometida por distúrbios emocionais será capaz de se desenvolver em sua carreira. Isso acontece não por falta de vontade, mas devido ao desânimo que pode ser identificado nos casos de diagnóstico de depressão, por exemplo. No caso da ansiedade, por sua vez, a procrastinação pode ser outro fator dificultador do desenvolvimento.

Turnover

Agora, vamos pensar no caso do burnout. O excesso de trabalho e de preocupações relativas a ele podem saturar uma pessoa emocionalmente e, ao não ver mais saída, ela pode optar por não permanecer na empresa. Quando essa situação se generaliza, sem a devida atenção dos setores competentes, o resultado pode ser uma alta taxa de turnover na organização.

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Dicas para promover a saúde mental nas pessoas colaboradoras

Conhecidos os motivos pelos quais é tão fundamental atentar para a saúde mental dos profissionais, vamos então conhecer 5 dicas para isso!

1. Incentive a realização de one-on-ones

Reuniões de one-on-one são um ótimo espaço de troca entre lideranças e pessoas lideradas, em que essas podem se abrir e evidenciar anseios, dúvidas, receios, angústias e conquistas. Por isso, incentivar esse tipo de reunião é muito importante para acompanhar de perto como a pessoa colaboradora está se sentindo e de que modo isso tem impactado seu trabalho.

2. Estimule a troca de feedbacks

A troca de feedbacks é um importante fator que estimula a autoconfiança e o autodesenvolvimento de uma pessoa colaboradora. Ao receber um retorno sobre uma entrega ou sobre sua forma de trabalhar, ela terá maior segurança sobre sua performance, assim como se sentirá valorizada pela empresa e por colegas de trabalho.

3. Treine as lideranças

Por ser o principal elo entre a empresa e uma pessoa colaboradora, treinar a liderança é imprescindível quando falamos em promoção da saúde mental nas organizações. Nesse sentido, é importante estabelecer treinamentos periódicos a fim de conscientizar as lideranças sobre como identificar possíveis problemas relativos ao tema e também como agir quando identificar que algo pode estar comprometendo o bem-estar da pessoa liderada.

4. Implemente pesquisas

As pesquisas são ótimas maneiras de avaliar como estão as pessoas colaboradoras de empresas que investem em saúde mental. Porém, para esse fim, pesquisas coletivas podem ser úteis, assim como aquelas individualizadas (como é o caso da pesquisa de sentimento). No primeiro caso, é possível ter um panorama sobre como anda a saúde mental de maneira geral e, no segundo, entender como cada pessoa tem lidado com o dia a dia no trabalho e com as próprias tarefas. Nas duas situações, tem-se mais chances de uma atuação direcionada e eficiente.

5. Adote campanhas voltadas para o tema

O Setembro Amarelo, definitivamente, é uma data importante quando o assunto é empresas que investem em saúde mental. No entanto, é preciso extrapolar essa data e tornar esse um tema constante na organização. Para isso, é fundamental implementar uma periodicidade de palestras, workshops e até mesmo contratar benefícios para os profissionais como aqueles que permitem consultas psicológicas subsidiadas ou que recebem a colaboração financeira da empresa.

Empresas que investem em saúde mental

Agora que você já conhece alguns dados que provam a importância de debater sobre saúde mental nas empresas, vamos apresentar organizações que já investem em saúde mental para que você possa se inspirar. Confira!

Unilever

As discussões sobre saúde mental na Unilever não são recentes. Na organização, há implementação de ações e programas desde 2015, ano em que a empresa passou a oferecer meditação e sessões de biofeedback. Porém, durante a pandemia, houve uma intensificação desse discurso.

Com mais de 12 mil funcionários no Brasil, a organização utiliza ferramentas e outras estratégias que englobam tanto a saúde mental quanto a saúde física, emocional e de propósito. Entre os diferenciais oferecidos, destacamos:

  • horário flexível;
  • tratamentos cuja finalidade é identificar gatilhos geradores de distúrbios, entre outros.

Ambev

A Ambev está tão atenta a esse tópico que implementou, em 2020, uma nova diretoria em seu grupo: a de saúde mental. Para isso, houve toda uma transformação cultural na empresa. Em setembro de 2020, por exemplo, as lideranças compartilharam durante um evento virtual quais foram os maiores erros de suas carreiras, t para o restante do time uma “permissão” para errar.

De acordo com Mariana Holanda, a diretora de saúde mental (cargo criado em junho de 2020), “a gente precisa trazer um olhar para o ser humano na sua totalidade. Na companhia, já vínhamos antecipando essa conversa ao trazer atenção para características como vulnerabilidade, empatia, escuta propensa ao outro”, afirma.

No mercado, há curiosidade para entender quais são os principais tópicos e funções da diretoria. Inicialmente, ela abordou dois tipos de vieses:

  • acolhimento aos colaboradores, especialmente em um período difícil vivenciado por toda a população devido à pandemia;
  • dar conhecimento e promover o aprendizado sobre o tema.

Segundo a Ambev, é importante que as pessoas tenham repertório quando o assunto é saúde mental. Acabar com o tabu de promover debates sobre isso contribuirá para que profissionais identifiquem situações de burnout, depressão e ansiedade. 

“Não é fácil falar sobre saúde mental, pois ainda existe preconceito. E toca na vulnerabilidade das pessoas. É difícil admitir quando você não consegue pensar ou deu um branco na reunião e isso está relacionado a não conseguir dormir devido a um problema”.

Danone

A multinacional investe anualmente cerca de 1,8 milhão de reais para serviços de saúde aos seus colaboradores. Entre os benefícios oferecidos, destaca-se um centro de apoio de saúde mental, cujo objetivo é fornecer apoio psicológico, orientação financeira e jurídica, além de possibilitar acesso a consultas e atendimentos por meio da telemedicina.

Também firmou parcerias para as pessoas terem acessos a medicamentos mais acessíveis, com descontos de até 65% em produtos dessa categoria.

Porto Seguro

A seguradora identificou a necessidade de investir em saúde mental logo nos primeiros meses da pandemia, aderindo ao movimento #NãoDemita. Tal iniciativa vetou qualquer tipo de desligamento durante o período especificado na campanha, visando fornecer aos profissionais segurança financeira.

Entre as outras medidas adotadas pela empresa nos meses seguintes, destaca-se:

  • projetos de corridas;
  • aulas de dança;
  • pilates;
  • violão;
  • gaita;
  • muay thai;
  • mensalidades de academia.

Aos colaboradores, também foi fornecida a possibilidade de trabalhar em regime remoto, contando com o suporte de uma equipe de profissionais disponíveis 24 horas para qualquer dúvida relacionada aos sintomas da Covid-19.

Todas essas iniciativas foram um complemento para o que a instituição já oferecia, como vale-refeição, seguro de vida, auxílio creche ou babá, plano odontológico e médico, previdência privada, etc.

Nubank

A Nubank também implementou mudanças logo nos primeiros dias de pandemia, ao enviar todos os seus mais de 2 mil funcionários para o trabalho remoto. Além disso, enviou centenas de cadeiras ergonômicas para os colaboradores, oferecendo também ferramentas de apoio legal, financeiro e psicológico. Para o cofundador da empresa, não se trata de um custo, mas como um investimento feito aos profissionais.

Neste conteúdo, você pôde entender a importância do tema e conhecer empresas que investem na saúde mental de seus colaboradores. Conforme mencionamos, este não é um debate que deve ser resumido no mês de setembro, mas sim discutido durante todo o ano, de modo que sejam implementadas ações contínuas e melhorias nos processos e cuidado com as pessoas colaboradoras nas empresas.

Para saber mais sobre o tema de saúde mental nas empresas, continue no blog e acompanhe o material que produzimos sobre setembro amarelo!