No dia 8 de março é comemorado mundialmente o Dia Internacional da Mulher. Pensando nisso, a Qulture.Rocks elaborou uma série de conteúdos que homenageia líderes que se destacaram e se destacam no mercado, ressaltando sobre as suas trajetórias e conquistas. Neste material, confira um panorama sobre a mulher no mercado de trabalho.
Apesar de ter um avanço significativo do papel da mulher no mercado de trabalho, ainda há alguns desafios a serem superados. De acordo com alguns insights do IBGE, apesar de serem maioria de profissionais com ensino superior, as mulheres ocupam apenas 44% das vagas registradas no Brasil. Em 1950, esse número era de 14%. Além disso, elas dedicam 73 horas a mais em serviços domésticos do que os homens, fator que prova a necessidade de algumas mudanças.
Aqui, além de conferir um panorama completo sobre o tema, você vai acompanhar um pouco mais sobre a evolução dessa história da mulher no mercado de trabalho. Continue a leitura e saiba mais!
História da mulher no mercado de trabalho
No último século, houve constantes avanços no que diz respeito ao papel da mulher no mercado de trabalho. Até a década de 1940, por exemplo, a expressiva maioria dedicava as suas funções apenas para as atividades do lar. Havia as exceções, mas relacionadas a mulheres solteiras ou viúvas — e exerciam, quase sempre, atividades como o artesanato ou culinária.
Com a industrialização, houve a necessidade por parte das empresas de buscar mão de obra qualificada. Foi aí que a realidade começou a mudar. Porém, tinham interesse no pagamento de salários mais baixos, levando ao setor industrial preferir pelo trabalho feminino.
Década de 1970
Somente a partir da década de 1970 que a situação começou a ser modificada. Nesse período, elas passaram a exercer outras funções até então destinadas apenas aos homens — funcionárias de comércio, por exemplo. Também houve um aumento expressivo na quantidade de professoras.
Tal transformação reflete diretamente as mudanças ocorridas naquela época, na qual alguns movimentos foram às ruas para exigir alguns dos direitos. A conquista de espaço no mercado de trabalho por parte das mulheres era um deles.
Representatividade da mulher no mercado de trabalho
Seja no setor privado, no setor público ou até no contexto de instituições internacionais, a verdade é que a representatividade feminina ainda é um desafio, como mostraremos a seguir.
Setor privado
Apesar de conquistarem espaços importantes (como o crescimento da participação de algumas décadas atrás para cá), ainda há desigualdades no mercado nacional. No Brasil, por exemplo, de acordo com o IBGE, apenas 36% dos cargos de liderança eram ocupados por mulheres. Além disso, mais de 43% desse quadro é formado por mulheres mais jovens — até 29 anos.
Setor público
Quando analisamos a esfera pública, os dados são ainda mais preocupantes. Segundo a nossa legislação, há uma cota para a participação feminina na política (mínimo de 30%). Porém, em 2017, apenas 1 em cada 10 deputados da câmara era mulher — o que nos eleva a uma das taxas mais baixas da América do Sul. No Senado, esse valor é de 16%, enquanto no Congresso Nacional, 11,3%.
Órgãos internacionais
No cenário internacional, o problema persiste: um estudo mostrou que, de 1943 a 2023, apenas 12% dos cargos em grandes organizações internacionais foram ocupados por mulheres. A Organização das Nações Unidas (ONU), por exemplo, nunca foi presidida por uma mulher.
Questão salarial
Segundo um levantamento feito pela Catho, publicado em outubro de 2020, essa desigualdade também afeta questões salariais. No estudo, foi observado que as líderes ganham, em média, 23% a menos do que os homens. No que se refere a outros cargos, também existem diferenças significativas:
- coordenadora (menos 15%);
- especialista guardada (menos 35%);
- analista (menos 34%);
- especialista técnica (menos 19%);
- especialista operacional (menos 13%).
Recentes “lay-offs”
O contexto de pandemia de Covid-19, gerou, a princípio, diversas demissões dado o temor das empresas pelo que estaria por vir. Em seguida, houve um “boom” de contratações e investimentos em empresas tech, com novas contratações (e, em alguns casos, recontratações).
No entanto, o desaquecimento desse mercado fez com que, principalmente a partir de 2022, as empresas entrassem em um “looping” de “lay-offs”, ou as chamadas demissões em massa.
E o que isso tem a ver com a representatividade feminina? Bom, a má notícia é que, até mesmo nesse contexto, grande parte das demissões recaiu sobre elas: em fevereiro de 2023, quase 70% das pessoas afetadas pelos lay-offs eram mulheres.
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Importância da mulher no mercado de trabalho
Além de uma questão social, apoiar a igualdade no mercado de trabalho significaria um grande avanço para a economia do país e para o crescimento e desenvolvimento das empresas.
De acordo com a Organização Internacional do Trabalho, o Brasil conseguiria aumentar a sua economia em até 382 bilhões em oito anos se houvesse um aumento de 1/4 na quantidade de mulheres no mercado até o ano de 2025.
Um estudo realizado pela McKinsey Study destacou que empresas que contavam com mais mulheres na liderança, usufruíam de um resultado operacional até 48% maior do que as outras empresas, além de um faturamento 70% maior.
Desafios da mulher no mercado de trabalho
Hoje, podemos observar alguns desafios quanto à mulher no mercado de trabalho. Vamos entender alguns deles.
Questão étnica
O primeiro dos desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho está relacionado às questões étnicas. Apesar de o número de pessoas formadas no ensino superior ser superior ao de homens, 2,3 vezes mais mulheres brancas concluem a graduação.
Papel social feminino no patriarcado
Há, ainda, o desafio da dupla-jornada. Conforme vimos, elas dedicam muitas horas a mais para serviços domésticos, trazendo como obstáculo conciliar esses dois cenários. Além disso, de acordo com o IBGE, 64% das mulheres afirmaram que sentiram suas carreiras afetadas depois da maternidade, pois houve a necessidade de recusar propostas e/ou deixaram de ser promovidas.
Um estudo da Fundação Getúlio Vargas identificou um ponto ainda mais preocupante: metade das mulheres que engravidam são demitidas até dois anos depois da licença maternidade.
Promoção da liderança feminina
Em 2020, foi feita uma pesquisa Mulheres na Liderança, na qual houve uma análise de 162 empresas. O estudo foi fruto de uma parceria da WILL (Women in Leadership in Latin America) com o Valor Econômico, Época NEGÓCIOS, Marie Claire e O Globo, realizado pela Ipsos.
Houve a preocupação de considerar alguns eixos temáticos, como:
- estratégia;
- recrutamento;
- incentivo à liderança;
- qualificação;
- equilíbrio entre pessoal e profissional.
Entre os resultados, podemos observar alguns insights interessantes. O primeiro deles está relacionado à inclusão da mulher no mercado de trabalho em cargos de liderança.
Essa pauta está incluída como prioridade na agenda de CEOs de 66% das empresas analisadas. Outros 68% afirmaram ainda contar com lideranças formais que se preocupem com a igualdade de gênero, enquanto 53% também contam com políticas formais para melhorar essa temática nas empresas.
Porém, apenas 28% das empresas analisadas contam com políticas específicas para mulheres não-brancas, 23% para mulheres trans e 14% para mulheres acima de 50 anos.
Papel das empresas em todo o cenário
Como as empresas podem se destacar nesse cenário? Para garantir conquistas ainda mais significativas, há a necessidade de as lideranças e os Recursos Humanos acompanharem métricas de crescimento quanto ao tema. Ao monitorar o percurso, avaliar qual é a quantidade de lideranças femininas e de assegurar a essas pessoas um caminho justo para alcançar outros espaços, certamente promoverá melhorias desse número.
Além disso, é preciso elaborar programas de suporte específicos para mulheres que desejam ser mães, oferecendo segurança a elas no local de trabalho quanto ao assunto, além de entender que vai haver imprevistos no dia a dia (principalmente para as empresas que realizam a modalidade de home office).
Outra ação bastante importante nesse quesito, por exemplo, é o aumento do tempo de licença paternidade nas empresas. Isso faz com que a responsabilidade dos pais seja distribuída de maneira mais justa por maior período de tempo.
Não deixe de entender, também, como é a percepção das mulheres em relação às políticas, práticas e processos de sua empresa relacionados ao tema. Por meio de pesquisas, há a possibilidade de verificar como está a satisfação das profissionais sobre o assunto e, em seguida, traçar estratégias que tragam melhorias nesse cenário, de acordo com o diagnóstico desenhado.
Por fim, é preciso capacitar as mulheres em áreas técnicas em que ainda há uma deficiência quanto à diversidade. Existe um programa global, por exemplo, denominado "Mulheres na Inteligência Artificial", com o objetivo de criar novas oportunidades para as pessoas no campo da tecnologia, cuja participação feminina ainda é baixa — além de, como vimos, ser enorme nesse setor o percentual de mulheres afetadas pelos lay-offs.
Neste material, você pôde conhecer um pouco mais sobre a mulher no mercado de trabalho, seus desafios e conquistas. Seja qual for a estratégia adotada na empresa para a valorização da força de trabalho feminina, é essencial contar com um bom planejamento, entender quais são os gaps relacionados à diversidade de gênero e buscar por soluções que sanem essas dores.
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