No mundo da tecnologia, existe uma vertente de design de produtos chamada design centrado no usuário. Ela define como as empresas de produto desenham suas ferramentas partindo das necessidades do usuário/cliente como principais restrições e trabalhando de trás para frente até o desenho final das suas soluções.

A Amazon, que hoje transbordou do e-commerce para diversas outras linhas de negócio, tem o conceito muito bem representado em um dos seus princípios de gestão: Customer Obsession: Leaders start with the customer and work backwards. They work vigorously to earn and keep customer trust. Although leaders pay attention to competitors, they obsess over customers.

Assim, traçamos um paralelo entre o design centrado no usuário para chegarmos ao conceito de RH centrado no talento.

Entenda o que é o RH centrado no talento

O RH centrado no talento trata seus talentos como clientes, que precisam ser encantados ou irão procurar outra empresa para trabalharem. Mas não confunda ser centrado no talento e ser incompetente: há uma diferença enorme entre o RH como uma área ingênua e desconectada das necessidades do negócio, que busca a felicidade absoluta e consensual dos funcionários de sua empresa (invariavelmente desapegada de performance), de um RH de alto desempenho centrado no talento.

Como defendeu Cliff Oxford em sua obra Where the Happy Talk About Corporate Culture Is Wrong, há uma diferença enorme entre o RH das pessoas felizes (happypeople HR) e o RH de alta performance (high-performance HR). Empresas que crescem muito e têm sucesso apresentam alta-performance de sobra e funcionários felizes, mas isso não significa que um seja causa ou produto do outro (tecnicamente, há correlação, mas não necessariamente causalidade).

Empresa bem vendida para seus talentos prospectivos

RH centrado em talentos é aquele que entende que a empresa tem de ser muito bem vendida para seus talentos prospectivos. E que, além disso, entende que uma cultura de alta performance, onde o feedback construtivo e honesto é dado livremente em busca da excelência e em que a mediocridade não é aceita, é naturalmente condutiva atrair e reter profissionais excelentes, que nela se sentirão bem.

O RH centrado em talentos entende que suas práticas, sejam elas revisões de performance, coaching, feedbacks ou metas, têm de gerar valor para os seus high-performers, e, portanto, tratam-nos como clientes.

Neste processo, é importante buscar feedbacks construtivos aos processos procurando assim a melhoria contínua das práticas, contanto que se saiba “filtrar” críticas válidas de inércia e resistência.

Práticas de performance

O que isso quer dizer? Funcionários que não são bons no que fazem geralmente não gostam de práticas que deixem mais claras e evidentes suas performances e vão invariavelmente chiar e tentar minar as tais práticas, pintando-as como danosas.

Analogamente, práticas impostas sem o comprometimento dos top performers e que ofereçam baixo valor agregado não surtirão o efeito desejado e os talentos arrumarão algum jeito de “burlar” o sistema e focarem no seu trabalho.

(Importante ressaltar que funcionários desapaixonados pelo que fazem sempre verão problemas nas práticas de alta-performance, pois não gostam do que fazem e preferem “se esconder” detrás de burocracias)

Inovação

O RH centrado em talentos entende que, assim como a empresa da qual fazem parte, ele tem que inovar, dedicar-se profundamente e brigar muito para entregar produtos e práticas excelentes para seus talentos. Mais importante do que isso, entende que seus high-performers não merecem nada além do melhor.

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Conheça as demais características do RH centrado no talento

Confira, ainda, algumas das características do RH centrado em talentos:

  • pensa nos colaboradores como “clientes” quando desenha seus processos e práticas;
  • sabe a diferença entre feedbacks construtivos aos seus processos/práticas e inércia e resistência de funcionários de baixo desempenho;
  • trata a criação/gestão da marca empregadora como competência crucial na atração e retenção dos melhores talentos.

Saiba as dificuldades do atual RH caso não seja centrado no talento

Outra novidade na realidade de atração de talentos é o surgimento de sites como Love Mondays e Glassdoor, em que funcionários de empresas são convidados a divulgarem seus salários e impressões sobre seus empregadores de maneira anônima. Estes sites tornam cada vez mais difícil não ser um RH centrado no talento, da mesma forma que sites como ReclameAqui fazem a vida das operadoras de telefonia e TV a cabo cada vez mais difícil.

Esse ambiente de transparência total e relações web vêm junto com uma base de funcionários cada vez mais jovem e conectada: os millennials. 

Se o RH não for centrado no talento, não vai produzir as vantagens competitivas necessárias para a empresa em um ambiente de transparência total na relação empregador/empregado. 

Este texto foi adaptado do nosso e-book Talent Science, de autoria do nosso CEO Francisco H. de Mello. Para conferir o material completo, continue no blog e boa leitura!