A neurodiversidade está presente na sociedade como um todo, mas infelizmente ainda enfrenta diversos obstáculos como o preconceito e a exclusão. Uma pesquisa realizada pela Play Pesquisa e Conhecimento mostrou que as famílias neuroatípicas esperam maior empatia por parte da sociedade, e também mais inclusão.

No entanto, a realidade ainda é outra, inclusive no meio corporativo. Outro estudo evidenciou que 85% das pessoas autistas estão desempregadas atualmente. Todos esses dados revelam a urgência da abordagem do assunto e da tomada de ações que mudem esse cenário.

Pensando nisso, elaboramos este conteúdo com o objetivo de discutir abertamente o tema, revelando o significado de neurodiversidade, qual é o papel das empresas na inclusão de pessoas neurodivergentes, assim como quais são os cuidados que devem ser tomados durante toda a jornada do colaborador neuroatípico em uma organização.

O que é neurodiversidade

Por muito tempo, a neurodiversidade foi tratada com uma doença. No entanto, atualmente, o entendimento é de que ela nada mais é do que uma das tantas diferenças existentes entre os seres humanos.

Nesse sentido, a neurodiversidade diz respeito às variações naturais do cérebro humano em cada pessoa dentro de uma sociedade. Isso está relacionado a diversos âmbitos da vida como:

  • a maneira como se dá o processo de aprendizagem;
  • as formas de se relacionar e conviver com pessoas e outros seres;
  • a atenção dada a cada situação;
  • o humor em cada uma das situações comuns da vida, entre outros.

Desse modo, assim como diversos outros pontos da vida, os comportamentos da mente humana diante de todas essas conjecturas mencionadas são resultados de variações naturais e biológicas.

A partir desse entendimento, ficou evidente a necessidade de buscar a abordagem do tema sob a ótica de que não deve haver discriminação e, sim, a inclusão de pessoas consideradas neurodivergentes. Isso deve acontecer em todas as etapas da vida, incluindo a profissional. Não à toa, surgiu dessa ideia um movimento social que busca essa inclusão.

São alguns exemplos de neurodiversidades:

  • Transtorno do Espectro Autista (TEA);
  • Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH);
  • Dislexia;
  • Dispraxia;
  • Síndrome de Tourette.

Como a neurodiversidade está inserida nas organizações

Muito se fala atualmente sobre diversidade e inclusão nas empresas e, grande parte das vezes, relacionando-as com temas como gênero, sexualidade e raça. É inegável a importância de atentar para o tema no ambiente corporativo. No entanto, é preciso abarcar mais uma condição, que é a neurodiversidade, quando falamos em inclusão.

Isso porque essas pessoas apresentam apenas uma diversidade neurológica e natural do cérebro, o que não as exclui do grupo de pessoas que têm direitos e que merecem respeito socialmente.

No contexto organizacional, isso é ainda mais importante, principalmente levando em consideração o dado apresentado no início deste artigo, de que 85% das pessoas com autismo estão fora do mercado de trabalho.

Tal dado evidencia que os direitos e o respeito a essas pessoas estão longe de serem realidade e que ainda há muito a trabalhar para que sejam devidamente incluídas, acolhidas, respeitadas e, mais do que isso, reconhecidas em seus trabalhos.

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Qual é o papel das empresas na inclusão de pessoas neurodivergentes

Assumir a neurodiversidade como apenas diferenças neurológicas auxilia numa atuação e numa postura mais ativa diante das situações que permeiam essa realidade. Isso porque é possível compreender essas pessoas enquanto seres humanos dotados de vontades e direitos.

Nas empresas, essa ideia é ainda mais importante de ser reverberada, uma vez que deve vir da própria organização a proatividade na exposição e explicação dessa ideia para todas as pessoas colaboradoras, assim como a implementação de regras, políticas e ações que visem a inclusão de pessoas neurodivergentes.

Devemos nos lembrar que é a própria empresa a responsável pelo estabelecimento e pela manutenção de uma cultura organizacional que condiga com sua missão, seus objetivos e seus valores. Ainda, é fundamental que eles estejam conectados com um convívio social harmonioso e respeitoso.

Outro ponto importante a ser mencionado é que nem sempre a neurodivergência é facilmente percebida visualmente. Por isso, em julho de 2023, foi sancionada a Lei 14.624 que oficializou a utilização de uma espécie de cordão com desenhos de girassóis que indicam que uma pessoa apresenta algum tipo de deficiência oculta, como pode ser o caso das neurodivergências já citadas neste conteúdo.

No ambiente organizacional, isso também faz a diferença ao possibilitar o reconhecimento das pessoas neurodivergentes e o comportamento mais empático, respeitoso e inclusivo das pessoas neurotípicas que com ela trabalham.

Mais uma vez, o papel educativo da empresa é realçado ao trazer à luz essa condição e ter a possibilidade de explicar a maneira como todas as pessoas colaboradoras devem se comportar nesses contextos. Deve-se lembrar inclusive da alta capacidade de foco e criatividade de pessoas com TDAH, por exemplo, o que pode trazer benefícios para a inovação e bons resultados na organização.

Quais são os cuidados que podem ser tomados pelas empresas na jornada do colaborador neuroatípico

Conforme mencionamos, é importante uma postura objetiva e evidente da empresa em relação à neurodiversidade que, para além de explicar o que significa, deve implementar ações que condizem com a sua cultura e, ao mesmo tempo, promovam a inclusão de pessoas neurodivergentes.

Cuidados que podem ser tomados tendo como foco a pessoa neurodivergente

Existem alguns cuidados que têm como foco principal a própria pessoa neuroatípica, conforme mostraremos a seguir.

Recrutamento e seleção

Desde o processo de recrutamento e seleção, é preciso que a empresa estabeleça algumas ações como a separação de vagas para pessoas neurodivergentes, de modo a aumentar a visibilidade em relação a elas, assim como deixar de lado possíveis preconceitos que as impediriam de prosseguir num processo seletivo.

Para isso, mais do que abrir vagas destinadas a elas, é importante deixá-las à vontade para exporem suas condições e, mais ainda, seus interesses e suas habilidades que em muito podem contribuir para a empresa enquanto colaboradoras.

Onboarding

O onboarding em um contexto neurodivergente demanda atenção ainda maior, já que é preciso garantir que aquela pessoa esteja tendo as mesmas oportunidades e condições que todas as outras ao iniciar seus trabalhos na organização.

Desse modo, é mais importante do que nunca disponibilizar uma espécie de mentor que possa passar as informações necessárias para a realização das atividades e tirar as dúvidas que ela possa vir a ter. Com isso, é possível reconhecê-la enquanto sujeito e respeitá-la enquanto nova pessoa colaboradora, que merece aprender e ter suas necessidades sanadas.

Ongoing

Processos como avaliação de desempenho, treinamento e desenvolvimento, entre tantos outros são importantíssimos para garantir o tratamento igualitário na neurodiversidade. Dessa forma, devem acontecer naturalmente com pessoas neurodivergentes e são capazes até mesmo de incentivar a postura mais ativa diante das dificuldades, conforme mencionamos anteriormente.

É evidente que é preciso, no caso de ações de treinamento e desenvolvimento, uma postura mais atenta, de modo que haja a preocupação adequada em relação, por exemplo, a uma aprendizagem adaptativa, ou seja, que considere as necessidades de cada pessoa colaboradora.

Cuidados que devem abarcar toda a empresa

Em relação às outras pessoas da empresa, é importante que a alta gestão e o RH cuidem de garantir um bom nível informacional acerca da neurodiversidade no ambiente interno da organização.

Desse modo, é possível promover ações, campanhas, palestras, rodas de conversas, entre tantos outros projetos capazes de explicar a neurodiversidade e orientar acerca de comportamentos que promovem a inclusão de todas as pessoas.

Para tudo isso, é importante a criação de um comitê de diversidade na empresa, de modo a garantir que haja um grupo de pessoas colaboradoras engajadas na implementação de ações inclusivas, assim como na manutenção das políticas relativas a isso.

Conforme pudemos perceber, a neurodiversidade é um tema extremamente relevante e que deve estar presente na pauta de todas as organizações, a fim de se tornarem mais diversas e inclusivas. Para isso, é preciso uma atenção especial durante toda a jornada do colaborador em termos de informação e garantia de direitos.

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