No mês em que se celebra mundialmente o orgulho LGBT, trouxemos uma série de artigos sobre inclusão de pessoas de diferentes narrativas nas empresas. Hoje, abordaremos sobre a empregabilidade trans, tema que deve ser debatido entre as áreas de Recursos Humanos e lideranças.
Para que a sua empresa possa oferecer possibilidades a um grupo historicamente marginalizado, existe a necessidade de as mudanças se iniciarem no processo seletivo — além de promover a inclusão durante toda a jornada do colaborador ou colaboradora trans.
Neste conteúdo, a gente explica um pouco mais sobre o panorama dessas pessoas no mercado de trabalho, além de dicas para incluí-las na realidade de seu negócio. Continue a leitura e saiba mais!
Realidade das pessoas trans no Brasil
De acordo com dados da Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil, também conhecido como RedeTrans, cerca de 82% de mulheres trans e travestis abandonam o ensino médio entre os 14 e 18 anos devido ao preconceito presente nas escolas. Desde o fato de as instituições de ensino negarem a elas o direito do nome social até a possibilidade de frequentar o banheiro do sexo diferente daquele que foi designado a ela ao nascer, as violências são várias — e devem ser discutidas nesse espaço de formação social.
Devido à impossibilidade de estudar e até mesmo à rejeição encontrada no mercado de trabalho formal, cerca de 90% das mulheres trans e travestis acabam vendo, na prostituição, a única forma de sustento. Nas universidades, apenas 0,1% das vagas são preenchidas por pessoas transexuais — o que leva às empresas repensarem seus processos seletivos para que eles sejam mais inclusivos.
Inclusão de pessoas trans nas empresas
Agora que você já sabe um pouco mais sobre a realidade das pessoas trans no Brasil, apresentaremos algumas dicas práticas que podem ser adotadas em seu negócio para oferecer a elas as mesmas oportunidades. Confira!
Critérios para seleção
Primeiro, é preciso que as empresas levem em consideração a história de opressão sistêmica de minorias. Conforme vimos, poucas pessoas trans têm acesso à educação básica completa e à universidade. Ou seja, estabelecer um processo seletivo que tenha muitos critérios de seleção, em vez de inclusivo, será exclusivo com essa população.
Não basta estar aberto a receber pessoas de diferentes vivências. Se o seu recrutamento elimina pessoas que não tenham domínio do inglês logo na fase de triagem, ele simplesmente terá ignorado o legado transfóbico do nosso país.
Ações afirmativas e programas de desenvolvimento
Por essa razão, é importante que a empresa estabeleça ações afirmativas para contratar essa população para o seu negócio. Porém, mais do que isso, existe a necessidade de estabelecer um programa de desenvolvimento, bem como trazer as mesmas oportunidades para que elas trilhem sua carreira da forma como considerarem mais interessante para o crescimento.
Pós-contratação
Outro ponto importante: trazer pessoas trans para a empresa é necessário. No entanto, promover a inclusão pós-contratação deve ser uma das prioridades. A discriminação a essa população pode ser sentida de diferentes formas: desde a comentários preconceituosos até ao fato de não respeitar o uso do nome social.
A empresa deve, então, ter uma política clara contra a discriminação, além de promover palestras educativas para todos os funcionários da organização. Uma ideia é realizar rodas de conversas periódicas nas quais uma pessoa de diferentes narrativas terá a oportunidade de abordar sobre as suas vivências no mercado de trabalho, de modo que oriente o time como um todo sobre essas questões e promova reflexão.
Neste conteúdo, você pôde entender um pouco mais sobre o processo de inclusão trans nas empresas, desde a contratação até o período em que ela é imersa na realidade do negócio. Conforme vimos, a contratação é apenas o início de um processo de inclusão — toda a cultura e conhecimentos da empresa devem ser trabalhados, uma vez que a inclusão envolve muitos outros fatores além de trazer pessoas de diferentes vivências.
Se você quiser se aprofundar na diferença existente entre diversidade e inclusão, continue no blog e boa leitura!