Possivelmente, você já ouviu falar no Pacto Global, certo? Trata-se de uma iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) lançada em 2000, que tem como objetivo o estabelecimento de ações e estratégias para o enfrentamento de desafios relacionados a Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção. E é neste contexto que o ESG se faz tão fundamental.

Mas o que é ESG? Como isso impacta a sociedade e, principalmente, qual é a influência dele nas empresas? Diante de um tema tão importante, elaboramos este conteúdo para que você possa ter estas e outras respostas, além de informações fundamentais para a criação de iniciativas de sustentabilidade na sua empresa.

O que é ESG

Segundo um estudo da empresa de consultoria PwC, estima-se que até 2025, quase 60% dos ativos de fundos mútuos na Europa considerarão os critérios do ESG. Isso representa quase US$9 trilhões. Ainda, mais de três quartos dos investidores institucionais que participaram da pesquisa afirmaram que pretendem não mais adquirir produtos que não estejam adequados ao ESG nos próximos dois anos.

Mas o que isso significa na prática? Para entender melhor, é importante compreender o que são fundos mútuos. Fundos mútuos de investimento são aqueles administrados por gestores e especialistas em mercado financeiro. Eles recebem investimentos de capital (sejam ações, títulos ou outros valores imobiliários) de uma grande variedade de fontes e são aplicados por esses especialistas em diversos ativos.

Agora, fica mais fácil entender o que o estudo identificou: uma preocupação cada vez maior das empresas em atentar para questões relativas à sustentabilidade. Pois é disso que o ESG trata. Bom, agora que entendemos a dimensão do impacto desse tema, vamos ao conceito em si.

ESG é uma sigla em inglês para Environmental, Social and Governance (ESG) que, em tradução livre para o português, significa Meio Ambiente, Social e Governança. Trata-se de uma maneira de mensurar o impacto das ações de sustentabilidade em termos de resultados nas empresas. Sua criação tem relação direta com a realização de Grupos de Trabalho ligados à ONU.

A partir dessa ideia, os critérios e fatores que impactam o planejamento e a execução de um investimento tendem a não mais se basearem apenas na ética. Fatores socioambientais passam a exercer grande influência, fazendo com que o imaginário corporativo migre essencialmente de “investimento ético” para “investimento sustentável”.

Quais são os princípios do ESG

A seguir, vamos compreender o que está por trás de cada uma das palavras e os princípios que compõem a sigla ESG.

Ambiental

O princípio ambiental da sigla ESG tem como foco ações corporativas que se relacionem à conservação e à redução de danos no meio ambiente. Isso diz respeito não apenas à redução do uso de recursos (principalmente não-renováveis), como também à utilização mais consciente e sustentável deles. O objetivo é reduzir impactos como o aquecimento global, a poluição ambiental, o desmatamento etc.

Social

O âmbito social do ESG está relacionado à maneira como a empresa lida com temas relevantes na sociedade, como: desigualdade, diversidade e inclusão, direitos trabalhistas, Direitos Humanos, entre outros. Isso tem relação não apenas com o impacto externo que a empresa tem na sociedade, como também na maneira como ela gerencia esses assuntos internamente, ou seja, com as pessoas colaboradoras.

Governança

Corrupção, desigualdade de salários entre gêneros, falta de diversidade na diretoria, falta de transparência. Esses são fatores de bastante atenção no “G” do ESG, que representa a governança. Nesse sentido, ele tem como foco a garantia de boas condições de administração e gestão da empresa, de forma que possa garantir justiça, segurança e integridade às pessoas que com ela se relacionam de alguma forma.

Qual é a importância do ESG para as empresas

Não é nenhuma novidade o tamanho impacto ambiental da vida humana. Excesso de emissão de gás carbônico, intensa urbanização, desmatamento são apenas algumas das ações que prejudicam o meio ambiente.

Não à toa, a ONU definiu diversas metas para a redução das emissões de carbono na atmosfera. Essa diminuição deve chegar a 45% até o ano de 2030 e a zero até 2050 (o chamado carbono zero).

Para isso, são necessárias diversas ações e políticas de modo que principalmente as organizações (responsáveis pela grande maioria da emissão desse gás) encontrem maneiras de se tornarem mais sustentáveis e eficientes.

Isso explica a importância de aderir ao ESG: uma empresa que faz investimentos nesse sentido, tende a receber maiores investimentos. Na Europa, por exemplo, órgãos reguladores e formadores de políticas estão cada vez mais priorizando assuntos relativos ao meio ambiente e, assim, criando regras que exijam que as empresas se adequem sustentavelmente.

Se, desde 2004, ano da criação do ESG, a preocupação com essas questões já era crescente, com a pandemia do Covid-19, isso aumentou. Observar o impacto que esse tipo de questão de saúde teve em todo o mundo, em todos os setores, fez com que surgisse um alerta ainda maior sobre questões relacionadas ao meio ambiente e à nossa relação com ele.

Isso é verdade não apenas quando falamos do mundo corporativo. É certo que as empresas passaram a olhar mais para a sustentabilidade, mas não podemos ignorar o poder da opinião pública em relação ao tema, que tem intensificado seus poderes de vigilância e de ação sobre o tema.

Quais são as vantagens do ESG para as empresas

Imagem da empresa

Três grandes empresas do ramo financeiro (e concorrentes entre si) se uniram logo no início da pandemia de Covid-19 para importar 5 milhões de testes rápidos para a doença. Se a união de concorrentes parece algo quase impossível, esse foi um momento capaz de provar que não.

Isso foi feito tendo como objetivo auxiliar a sociedade e o poder público com a detecção e controle da proliferação do vírus em 2020. Inegavelmente, para além do apoio em si, as empresas tiveram como benefício a percepção acerca de suas marcas, o que podemos chamar de imagem dessas companhias, provando ser essa uma boa consequência de ações voltadas para questões sociais — especificamente neste caso, de saúde.

Fidelização de clientes

A fidelização de clientes também é um dos benefícios de investir em ESG. Conforme mencionamos, não apenas o mercado financeiro tem se preocupado com a sustentabilidade.

Pessoas físicas e, em alguns casos, organizações não governamentais também têm exercido forte pressão nas empresas para que atuem nesse sentido. Isso explica o fato de que, quando essas organizações o fazem, são grandes as chances de observarem, como benefício, a fidelização de clientes, já que estes valorizam ações sustentáveis e, por isso, tendem a consumir nessas companhias.

Otimização de custos

A busca por uma atuação mais sustentável não significa necessariamente o aumento dos custos e pode, inclusive, trazer uma redução deles. Mais do que isso, pode otimizá-los, reduzindo esforços, tempo e orçamento.

Isso porque empresas que se preocupam com ESG tendem a buscar formas de administração mais eficientes dentro desse contexto.

Competitividade

Empresas que atentam para o ESG tendem a receber maiores e melhores investimentos do que as que não o fazem, o que as torna mais competitivas. Além disso, elas também tendem a atrair melhores talentos, o que auxilia na produtividade, na redução de custos e na obtenção de melhores resultados.

Tudo isso sem contar a preferência do público em relação a essas organizações. Assim como mencionamos, são maiores as chances de fidelização dos consumidores a esse tipo de empresa, o que dá a ela vantagem competitiva frente aos concorrentes.

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Como desenvolver uma cultura ESG no negócio

Desenvolver uma cultura ESG no negócio requer que, primeiramente, sejam feitas as seguintes perguntas retóricas:

  • “Minha empresa está de acordo com os Dez Princípios do Pacto Global?”;
  • “Minha empresa conta com projetos que contribuem para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU?”.

As simples respostas para essas perguntas já dão certo norte acerca do ponto atual que a empresa se encontra em termos de ESG. Ou seja, elas ajudarão numa análise primária e auxiliarão a entender o nível de maturidade da organização em termos de sustentabilidade.

Em seguida, é importante ressaltar aqui que para que uma empresa esteja no índice ESG, é necessário que ela esteja listada na Bolsa de Valores ou que esteja seguindo um planejamento que tenha esse objetivo.

Assim, caso esse critério seja atendido, será possível voltar para as duas perguntas iniciais, entender se há políticas voltadas para os pontos levantados e, assim, implementar ações que visem uma resposta positiva para esses questionamentos.

É inegável a importância de atentar para temas sociais, ambientais e de governança, caso queiramos um mundo mais sustentável e próspero. Não há dúvidas também sobre a importância do papel das empresas para que isso seja possível. O mercado financeiro, inclusive, já percebeu isso.

Por isso, atentar para o ESG é um tema urgente para todas as organizações que ainda não o fazem. Isso é necessário tendo em vista não apenas questões financeiras, como também para a manutenção do planeta, assim como o atingimento das metas do Pacto Global.

Já que adentramos no tema, qual será o impacto da responsabilidade social empresarial para a retenção dos talentos na organização? Confira nosso artigo sobre o assunto!