Modelos verticais de gestão vêm sendo utilizados há décadas em empresas e organizações dos mais diversos portes e segmentos. Contudo, nos últimos anos cresceu a busca por metodologias, técnicas e ferramentas para melhorar o desempenho dos colaboradores e o clima organizacional. Entre elas está a abordagem do empowerment.

Esse conceito, trabalhado por especialistas de renome no ramo da Administração e dos Recursos Humanos, permite mais autonomia, accountability e participação nas decisões. Neste artigo, conheça a definição de empowerment, sua importância e como desenvolvê-la!

O que é empowerment?

No contexto empresarial e administrativo, o empowerment é uma prática de delegação de autoridade cujo objetivo é descentralizar os poderes de decisão e aumentar a autonomia e a participação das pessoas colaboradoras dentro da empresa.

Nesta técnica, aspectos como autoridade e responsabilidade deixam de ser responsabilidade única do líder. Assim, incentiva-se a confiança e a colaboração sistêmica entre pessoas colaboradoras de diferentes níveis hierárquicos.

Vale ressaltar que a tradução literal do termo, “empoderamento”, também é utilizada por outros segmentos sociais, como a filosofia e a sociologia. No entanto, neste artigo vamos nos ater à prática empresarial.

História do termo “empowerment”

O conceito, oriundo da Administração Participativa,  foi utilizado pela primeira vez pela socióloga Rosabeth Moss Kanter, docente na área de Gestão na universidade de Harvard, na década de 1990.

Seu surgimento está ligado a um ponto fundamental da contemporaneidade: a necessidade de que as empresas tomassem decisões mais rápidas devido à constante transformação do mundo e do mercado.

Essa busca por decisões mais rápidas se relaciona a diversos fatores econômicos, sociais e tecnológicos que mudaram nas últimas décadas, como:

  • a alteração no capital humano, em um contexto de mais necessidade de qualificação por parte dos colaboradores;
  • a complexidade e variedade de cargos no mercado de trabalho; e,
  • a competitividade empresarial decorrente da globalização.

Explicamos: quando a hierarquia em uma organização é intransponível e todas as decisões só podem ser tomadas pela alta liderança, os processos se tornam mais lentos e burocráticos. Portanto, a busca por descentralizar o poder é uma alternativa para aumentar a rapidez, a flexibilidade e a capacidade de decisão da organização.

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Qual o objetivo do empowerment?

De acordo com o professor e consultor administrativo Idalberto Chiavenato, o principal objetivo da técnica de Empowerment é transmitir responsabilidade e recursos para as pessoas colaboradoras, visando:

  • estimular e aplicar a energia criativa e intelectual dos profissionais;
  • permitir a demonstração de liderança dos profissionais dentro de suas próprias esferas individuais de competência;
  • ajudá-las a enfrentar desafios globais de toda a empresa;
  • remover o monopólio do poder, das informações e do desenvolvimento somente da alçada do gerente ou líder.

Quais as 4 bases do empowerment?

Ainda segundo os estudos de Chiavenato, o conceito de empowerment é fundamentado em quatro bases: poder, motivação, desenvolvimento e liderança.

1. Poder

Neste primeiro fundamento, a ideia é fornecer poder às pessoas, confiando-lhes autoridade e responsabilidade independentemente do nível hierárquico em que se encontram. Cada profissional é visto com importância e recebe liberdade e autonomia de ação.

2. Motivação

O segundo pilar diz respeito a providenciar a motivação necessária para o trabalho, incentivando as pessoas colaboradoras continuamente. Nesta base entram ações como:

  • recompensas por resultados atingidos;
  • reconhecimento do bom desempenho;
  • permissão para que os colaboradores participem dos resultados de seu trabalho; e,
  • celebração pelo atingimento de metas.

3. Desenvolvimento

Este terceiro fundamento consiste em fornecer recursos para que os colaboradores possam se capacitar e se desenvolver, tanto em hard skills quanto em soft skills. A ideia é justamente criar e desenvolver talentos dentro da organização, para que o processo de empowerment seja mais consistente.

4. Liderança

Por fim, este pilar diz respeito a proporcionar a liderança dentro da organização. Faz parte dele orientar as pessoas colaboradoras, definir objetivos e metas, avaliar o desempenho e fornecer feedbacks e feedforwards.

Quais são as principais características do empowerment?

A seguir, selecionamos algumas das principais características observadas nas empresas que investem no empowerment. Confira!

1. Autonomia dos colaboradores

Conforme abordado, o empowerment surgiu com a necessidade de as empresas contarem com equipes mais autônomas. E esse é um dos fatores essenciais para impulsionar resultados dentro das organizações. De acordo com uma pesquisa realizada pela Page Talent, 58% das pessoas no Brasil têm mais facilidade de desenvolver as suas tarefas quando agem de forma independente.

Além disso, de acordo com a empresa de consultoria empresarial Fellipelli, 75% dos profissionais demonstraram atuar em prol dos interesses coletivos, apresentando facilidade em trabalhar em conjunto — fator estimulado ao oferecer liberdade na execução das demandas e prazos, o que possibilita mais conforto para gerar melhores resultados. 

Porém, uma dúvida comum entre as equipes é em como as lideranças podem proporcionar autonomia aos colaboradores. Na execução de um projeto, por exemplo, o ideal é que ele atue oferecendo feedbacks para os profissionais, orientando ao longo da atividade qual seria o caminho mais indicado para alcançar os resultados pretendidos.

Além disso, elas devem se orientar continuamente pela visão, missão e valores da empresa, de modo que as pessoas atuem com base em um mesmo propósito.

2. Compartilhamento de informações

Conforme mencionado, empresas que investem no empowerment se preocupam em trazer mais transparência aos profissionais. Quando isso acontece, a equipe passa a confiar mais nas decisões tomadas pela organização, favorecendo o engajamento com as demandas e com as metas, além de impactar na produtividade do time — uma vez que vai elevar o senso de responsabilidade.

Nesse sentido, principalmente em um contexto de trabalho remoto, é importante que toda a empresa se reúna periodicamente, no qual cada time vai passar os seus principais updates de projetos e metas, trazer aprendizados adquiridos ao longo da semana, além de possibilitar que toda a organização possa ter um alinhamento sobre tudo o que vem sendo praticado na empresa.

3. Gestão horizontal

No início do material, mencionamos que até pouco tempo atrás o modelo de gestão mais usual era o vertical. No caso de empresas que garantem empowerment aos colaboradores, o modelo comum é o horizontal, que conta com os seguintes pontos:

  • colaboradores com mais autonomia para tomar as suas decisões;
  • pessoas reportam suas demandas e aprendizados a um líder em específico;
  • há menos burocracias quando é preciso tomar decisões.

Condições para o empowerment nas empresas

Segundo a Kanter, existem duas fontes sistêmicas de poder nas organizações: o poder formal e o informal. O poder formal é aquele que acompanha empregos de alta visibilidade e requer um foco principal na tomada de decisões independente. Já o poder informal vem da construção de relacionamentos e alianças com pares e colegas.

Conhecendo estas duas fontes de poder, Kanter indica seis condições necessárias para que o empoderamento ocorra:

  1. Oportunidade de avanço
  2. Acesso à informação
  3. Acesso ao suporte
  4. Acesso a recursos
  5. Poder formal
  6. Poder informal

Kanter constata que, ao proporcionar estas condições aos colaboradores, os resultados são um aumento da satisfação profissional, do compromisso e da confiança, bem como uma diminuição acentuada do esgotamento profissional. 

Em complemento às ideias de Kanter, Daniel Quinn Mills,  autor do ramo da administração, aponta seis requisitos para que o empowerment seja implementado:

  • tolerância a erros;
  • desenvolvimento da confiança;
  • visão;
  • fixação de metas;
  • avaliação; e,
  • motivação.

Como adotar o empowerment nas empresas?

Agora que você já sabe o que é e quais são as principais características do empowerment nas empresas, apresentaremos dicas de como adotá-lo.

1. Apresente o conceito para as pessoas colaboradoras

Antes de implementar a técnica, apresente aos profissionais o conceito de empowerment, quais são os ganhos que ele traz e como isso vai impactar na gestão como um todo.

Além disso, faça apresentações às pessoas do time também sobre a importância da autonomia nos processos e da responsabilidade de cada pessoa para alcançar os resultados pretendidos.

2. Prepare as lideranças

Para que a prática de empowerment seja adotada, é preciso preparar as lideranças, principalmente se houver uma mudança de cultura na empresa. Nesse sentido, invista em formações sobre empowerment, gestão de metas, accountability e autogestão.

Com conhecimento sobre a prática e preparação técnica e comportamental para delegar tarefas, as lideranças vão:

  • conhecer estratégias sobre como incentivar a inovação e a melhoria contínua dos processos;
  • valorizar a autonomia do profissional;
  • colocar a equipe em sintonia com os objetivos da empresa; e
  • traçar ações que estimulam continuamente as pessoas, buscando sempre pelos melhores resultados para a equipe.

3. Capacite das pessoas do time

Conforme vimos, as pessoas de um time passarão a ter autonomia para as tomadas de decisão. Porém, para que isso seja feito de forma efetiva, é necessário que os colaboradores sejam capacitados para que seus times gerem resultados.

Para a implementação do empowerment, o ideal é que as lideranças entendam quais são os pontos de necessidades de seus liderados e lideradas. As reuniões de one-on-one, por exemplo, facilitam a identificação desses tópicos, justamente por promover um melhor fluxo de informações de baixo para cima.

Treinamentos, workshops, leituras e projetos são ótimas ferramentas para capacitar as pessoas colaboradoras, tanto em termos técnicos quanto em habilidades comportamentais.

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4. Delegue de forma coerente com a realidade de cada colaborador(a)

Este ponto é imprescindível para que o empowerment tenha bons retornos tanto nos resultados da empresa quanto no clima organizacional e na satisfação dos colaboradores.

Procure fazer a atribuição de responsabilidades e poder para tomada de decisões de forma coerente com a realidade de cada colaborador ou colaboradora, considerando aspectos como:

  • tempo de experiência;
  • nível hierárquico;
  • competências; e,
  • habilidades.

5. Incentive decisões baseadas em dados

Para que a descentralização de poder aconteça com qualidade, é essencial que todos os colaboradores tenham não só conhecimento, mas também fundamentação para tomar decisões em suas esferas de atuação. Ou seja, que as decisões de cada colaborador sejam baseadas em dados.

Portanto, busque no mercado ferramentas que auxiliem na tomada de decisão dos colaboradores, de modo que eles tenham insumos e segurança para resolverem as mais distintas situações.

A área de RH, por exemplo, é uma importante aliada para entender qual é a percepção das pessoas do time em relação às políticas, práticas e processos da empresa. Nesse sentido, uma ferramenta que auxilie no controle desses dados consequentemente possibilitará a todo o time tomadas de decisão mais qualificadas.

Como exemplo de resultados dessas decisões embasadas por parte do RH, poderíamos ter ações para:

6. Alinhe metas e objetivos

Outro ponto importante para a adoção do empowerment nas empresas é o alinhamento a respeito das metas e dos objetivos desejado. Procure trabalhar com objetivos e metas bem alinhadas.

Uma boa sugestão é a prática de OKRs,  um sistema de metas coletivas e individuais conhecido pela colaboração das pessoas para convergir as metas globais de uma organização.

O diferencial do conceito é que ele motiva o trabalho em equipe e coloca os colaboradores em alinhamento com toda a empresa, focando em aspectos como simplicidade, foco em objetivos e transparência na comunicação.

7. Acompanhe resultados

Acompanhe continuamente quais foram os resultados que as novas práticas trouxeram para a empresa. Procure sempre mensurar como essas capacitações têm surtido efeito no desenvolvimento das pessoas e nos resultados da empresa como um todo.

Precisa de ajuda? Você pode calcular o ROL (Return on Learning, ou Retorno de Aprendizado) neste artigo da Qulture.Rocks.

Quais as vantagens do empowerment nas empresas?

Por fim, apresentaremos alguns dos principais benefícios do empowerment nas empresas. Veja!

1. Melhora o fluxo de conhecimento

Conforme mencionamos, algumas das práticas de empowerment estão justamente relacionadas ao fato de as próprias pessoas terem a oportunidade de compartilharem seus conhecimentos.

Consequentemente, vai dar oportunidade aos profissionais de conquistar novas habilidades, conquistar competências e se desenvolverem mais — o que estimula, de forma direta, o desenvolvimento da empresa.

2. Melhora a produtividade dos colaboradores

Buscar estratégias que contribuam para aumentar a produtividade dos colaboradores sem que afete a sua satisfação e nem a qualidade do trabalho efetuado é um dos principais desafios para as empresas. Por meio das práticas de empowerment, vai haver redução na burocratização das demandas, o que possibilita mais agilidade nas entregas.

3. Atribui senso de responsabilidade aos colaboradores

Práticas de empowerment geram mais autonomia. Consequentemente, mais responsabilidade para que as pessoas possam alcançar os resultados pré-estabelecidos com mais facilidade.

Entre as vantagens de contar com um equipe que tenha mais senso de responsabilidade, destacamos especialmente:

  • elevação no grau de engajamento dentro do espaço de trabalho;
  • aumento da confiança dos profissionais em relação às lideranças;
  • mais capacidade, por parte da empresa, de atrair e reter talentos.

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Neste conteúdo, você pôde entender o que é empowerment, quais são as vantagens dessa prática para as empresas, além de conferir dicas de como implementar essas práticas.

Assim como em qualquer outra ação, o ideal é que conte com um bom planejamento, além de apresentar às pessoas da equipe a importância que isso vai trazer para os resultados.

O processo de implementação dessa técnica pode ser muito beneficiado com o uso de uma plataforma de gestão de desempenho, como a Qulture.Rocks. Com ela, os colaboradores podem acompanhar e gerir seu desempenho, compartilhando insights, reconhecimentos e desafios tanto com seus líderes quanto com colegas de trabalho.

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