Sabemos sobre a importância da diversidade nas empresas. De acordo com um estudo realizado pela McKinsey, as empresas que apoiavam diversidade de gênero em suas equipes executivas eram 15% mais propensas a terem uma rentabilidade acima da média. Além disso, aquelas que consideram esse tópico no recrutamento e seleção entregam resultados até 25% superiores.
Entre os tipos de diversidade existentes, a inclusão de LGBTs é um dos que se destacam. Por essa razão, elaboramos este material para que você entenda sobre o cenário da comunidade no mercado nacional, dicas de como promover essa inclusão, além de conferir empresas que se destacam. Continue a leitura e saiba mais!
Qual é o cenário dos LGBTs nas empresas brasileiras?
Se uma equipe priva profissionais de acessarem oportunidades de trabalho devido à sua identidade de gênero, orientação sexual, raça ou outras características, está negando a eles alguns de seus direitos fundamentais. Porém, ao analisar números nas empresas nacionais, essa é uma realidade ainda muito presente que podemos constatar.
Hoje, há uma estimativa de 18 milhões de pessoas LGBTs no país. Porém, de acordo com o estudo "Demitindo Preconceitos" realizado pela Santo Caos em 14 estados do Brasil, 38% das empresas mostram restrições para a contratação de LGBTs.
Nesse mesmo estudo, foi constatado que 40% das pessoas entrevistadas já sofreram discriminação devido à sua orientação sexual. Em uma outra pesquisa realizada pelo Center Talent for Innovation, 61% das pessoas LGBTs afirmaram esconder de seus colegas e gestores a orientação sexual, o que demonstra uma triste estatística da realidade dessa comunidade no mercado de trabalho.
Quando realizamos o recorte para pessoas transexuais, essa realidade é ainda mais complicada. De acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), cerca de 90% dessas pessoas estão na prostituição devido à escassez de oportunidades no mercado formal, sendo essa a única fonte de renda possível para a sobrevivência.
Quais os desafios para a inclusão de LGBTs nas empresas?
Os desafios para a inclusão de LGBTs nas empresas são muitos. Em alguns casos, pessoas são eliminadas dos processos seletivos antes mesmo de demonstrarem suas habilidades e competências.
No caso de pessoas trans e travestis, há a necessidade de contar com uma política interna que aborde sobre o tema, uma vez que envolve o tratamento de nome social e a abordagem correta com essa população para que não deslegitime sua identidade logo nos processos iniciais — o que traria chances de ocasionar na sua desistência.
A preocupação deve ir além dos processos seletivos: é preciso haver o respeito de colegas e lideranças no dia a dia de trabalho, além de essas pessoas terem as mesmas oportunidades de ascensão e crescimento dentro das empresas.
Lideranças
De acordo com um estudo realizado pela OutNow, 1 em cada 3 gestores LGBTs no Brasil já não sente medo de demonstrar a sua orientação sexual para líderes, liderados e lideradas.
Porém, esses dados não são propriamente animadores. Além de grande parte das pessoas ainda sentir a necessidade de esconder quem realmente são (conforme vimos na pesquisa acima), o espaço dessa comunidade em cargos mais altos ainda é baixo.
E esse problema também ocorre em outros países, como os Estados Unidos. Quando analisamos a lista dos CEOs das 500 maiores empresas do mundo, apenas 2 são da comunidade LGBT: Tim Cook, da Apple e Jim Fitterling, da Dow Chemical.
Como mudar esse cenário nas empresas?
Como as empresas podem mudar esse cenário? A seguir, selecionamos algumas dicas práticas para adotar na sua organização.
Conscientização para toda a equipe
Conforme vimos, um dos desafios enfrentados pela comunidade é o relacionamento entre lideranças e pares.
Por essa razão, a conscientização deve ser para toda a empresa. Conforme sabemos, há uma diferença entre diversidade e inclusão: enquanto a primeira prática é a de oferecer oportunidades na empresa, a segunda está em promover estratégias para que elas possam exercer as suas demandas sem discriminação e constrangimentos — uma pessoa trans, por exemplo, deve ser tratada pelo gênero correto.
Além disso, a discriminação deve ser levada a sério pela empresa. Para isso, há a necessidade de criar políticas próprias sobre o tema, nas quais descreverão como determinados comportamentos serão punidos e tratados.
Programas de apoio e engajamento para lideranças LGBTs
A falta de lideranças LGBTs é um problema em todo o mundo, conforme vimos acima. Por essa razão, a empresa deve desenvolver programas de apoio e engajamento para que essas pessoas alcancem cargos de lideranças. Entre as iniciativas que podem ser adotadas, destacamos a orientação adequada para esses profissionais, realização de treinamentos, seminários e demais atividades nessa linha.
Apoio das altas lideranças
Projetos só sairão do papel se houver o apoio de altas lideranças da empresa, como CEO, C-level e diretorias. Para isso, o mais indicado é demonstrar para essas pessoas a importância do investimento em diversidade, os ganhos comprovados que isso trará e exemplos de organizações que se destacam no cenário nacional por promoverem esse tipo de investimento.
Monitoramento dos resultados
Independentemente de qual seja a estratégia adotada pela sua empresa, o monitoramento próximo contribuirá para entender quais são os progressos observados até então, o que vem dando certo e o que pode ser aperfeiçoado pela equipe nas próximas ações.
Linguagem
No dia a dia da empresa, o ideal é que as pessoas busquem por promover um ambiente neutro. Sempre mencione, por exemplo, "colaboradores e colaboradoras" em vez de apenas colaboradores.
Quais são as empresas que se destacam no tema?
Agora que você já conhece sobre a importância da inclusão de pessoas LGBTs nas empresas e entende algumas práticas para isso, selecionamos alguns exemplos de empresas que se destacam no mercado. Confira!
Grupo Pão de Açúcar
O Grupo Pão de Açúcar, ao longo dos anos, vem firmando parcerias para a contratação de pessoas LGBTs para as suas lojas. Por meio de um contato próximo com a Transempregos, a empresa estima ter recrutado 31 profissionais trans em 2019 para as lojas Extra e Pão de Açúcar. Além disso, participa do festival #AgoraVai, cujo principal objetivo é capacitar pessoas trans para o mercado de trabalho, com atividades como:
- treinamentos para a elaboração de currículos;
- dicas sobre vestuário para essas atividades;
- o que fazer no momento de realizar uma entrevista, entre outros.
No ano de 2018, criou também o grupo Orgulho LGBT. Com a participação de mais de 60 profissionais da empresa, realiza ações para que possam atrair, desenvolver e reter talentos LGBTs. Na semana da diversidade, realiza ainda eventos com palestrantes e painelistas de outras empresas, visando trazer mais conscientização e compromisso de todas as pessoas da empresa.
Carrefour
O Carrefour também se destaca quando o assunto é inclusão de LGBTs no mercado de trabalho. O grupo "Todxs", por exemplo, reúne profissionais que discutem de forma voluntária diversos temas relacionados à comunidade LGBT.
Durante a pandemia da Covid-19, por exemplo, ainda contaram com uma agenda de combate à violência contra mulheres, bem como a importância do acolhimento de pessoas LGBTs durante o período de crise sanitária.
Confira, no vídeo a seguir, algumas das ações realizadas pela empresa.
https://www.youtube.com/watch?v=gy7SxgjBalo
Ambev
A preocupação da Ambev com a população LGBT vem desde 2016. Neste ano, o grupo criou o Larger (Lesbian & Gay & Everyone Respected). Em uma tradução literal, significa lésbica & gay & todos respeitados. Entre os principais objetivos desse time, discutir a presença de LGBTs no mercado de trabalho se destaca.
Ainda em 2016, a empresa aderiu ao Fórum de Empresas e Direitos LGBTQ+. A Skol foi ainda patrocinadora oficial da parada do orgulho LGBT da cidade de São Paulo, a maior do país e uma das mais conhecidas entre a população. No mesmo ano, ainda lançou a campanha "Respeito is ON", na qual celebrou o Dia Internacional do Orgulho LGBTQ+, celebrado no dia 28 de junho.
Natura
A Natura elabora ações para profissionais LGBTs da empresa há mais de 15 anos. Entre as estratégias adotadas, oferece benefícios de saúde a casais da comunidade (licenças parentais estendidas, por exemplo).
Para pessoas trans, ela garante ainda a adoção do nome social. Conforme vimos, essa é uma atenção fundamental a ser tomada pela empresa no momento de contratar alguém com essa narrativa, uma vez que diz respeito à história e vivência daquela pessoa.
Firmou, ainda, parcerias que contribuíssem para promover treinamentos de pessoas transexuais, como cursos profissionalizantes de maquiagem.
A empresa vai além das práticas de employer branding, como também assume essa postura no momento de realizar campanhas publicitárias que envolvam seus principais produtos.
Neste conteúdo, você pôde entender sobre a importância da inclusão de LGBTs no dia a dia das empresas, quais são os desafios que essa população enfrenta no Brasil, além de práticas que podem ser adotadas pela sua equipe. Conforme vimos, além de contribuir para que pessoas de diferentes narrativas tenham amplas oportunidades de emprego, a sua empresa ainda terá oportunidade de ser mais rentável e inovadora, sendo esse um diferencial competitivo no mercado.
Um outro termo que também merece a atenção das equipes é o de diversidade cognitiva. Se você ainda não conhece, continue no blog e confira nosso outro material sobre o tema!