Atividades, processos, reuniões e calls seguidas umas das outras sem a concessão de pausas no trabalho podem ser prejudiciais para as pessoas da empresa.
É o que indica uma recente pesquisa realizada pela Microsoft. De acordo com a empresa, essas contínuas reuniões estão aumentando o nível de estresse e o ruído cerebral, especialmente quando há muitos encontros consecutivos. Por essa razão, o estudo apontou que pequenas pausas entre uma vídeo-chamada e outra contribuiria para a concentração e para a produtividade do time, trazendo ganhos para a empresa como um todo.
Pensando nisso, neste conteúdo, trouxemos algumas ideias sobre a importância das pausas no trabalho, a visão jurídica sobre elas, além de mostrar qual é o papel da liderança ao incentivá-las. Confira!
Qual a importância das pausas no trabalho?
Primeiramente, apresentaremos um pouco mais sobre a importância das pausas no trabalho para a equipe. Veja!
Aumento da produtividade
Conforme abordamos, o primeiro tópico de destaque é o aumento da produtividade. Ser produtivo não significa trabalhar muitas horas ao longo do dia. Pelo contrário. É a capacidade de as pessoas colaboradoras conseguirem executar uma demanda em 2 horas enquanto o previsto seria em 4 horas, por exemplo.
Porém, quando há um estresse do time e cansaço devido às ausências de pausas, dificilmente um(a) profissional consegue atingir esse patamar. Quando há preocupação em estabelecer períodos de descanso, a pessoa tende a voltar com mais disposição para as suas tarefas, o que contribui até mesmo para que as atividades sejam concluídas com mais qualidade.
Alívio do estresse
De acordo com a pesquisa da Isma-BR, representante da International Stress Management Association, 72% das pessoas no Brasil que estão no mercado de trabalho sofrem com alguma sequela relacionada ao estresse. Desse número, 32% sofrem de burnout, enquanto 92% delas continuam trabalhando mesmo com os sintomas.
Além disso, outro levantamento identificou que o estresse atinge 70% da população ativa - e o estado se agravou depois da pandemia. Segundo o IPCS, em 2020, 60% dos profissionais estavam mais estressados durante o isolamento social, 57,5% mais ansiosas e 26% em depressão.
Pausas no trabalho, tanto aquelas relacionadas aos minutos de descanso durante o dia quanto aquelas relacionadas às férias são essenciais para que as pessoas estejam mais descansadas e, consequentemente, com menos sintomas de estresse. Esse impacto positivo reflete mudanças tanto na carreira quanto nas relações interpessoais.
Fomento da Conexão Social
Pausas no trabalho proporcionam oportunidades naturais para a interação social entre colegas. Momentos de descontração, como intervalos para o café ou almoço, possibilitam que os funcionários compartilhem experiências, fortaleçam laços e construam relacionamentos interpessoais.
Essa conexão social é capaz de trazer melhorias para o ambiente de trabalho, além de ser crucial na contribuição para um senso de pertencimento e colaboração dentro da equipe e entre equipes também.
Aumento da Satisfação e Engajamento
Permitir pausas no trabalho mostra que a empresa valoriza o equilíbrio entre vida profissional e pessoal. Colaboradores que têm a liberdade de fazer pausas quando necessário geralmente se sentem mais satisfeitos e engajados.
Essa prática demonstra confiança na responsabilidade dos funcionários, proporciona autonomia a eles e pode resultar em maior dedicação e comprometimento com as metas organizacionais.
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Melhora do clima organizacional
O clima organizacional diz sobre como as pessoas colaboradoras compreendem o ambiente de trabalho, seja ele físico ou remoto. Isso tem interferência direta na maneira como as pessoas se relacionam e colaboram entre si, nas políticas e valores da empresa, assim como, no caso do escritório físico, com a infraestrutura oferecida.
Considerando o fato de que as pausas no trabalho dependem não apenas do profissional em si, mas também do incentivo da liderança e da empresa como um todo, assim como da quantidade ideal de demandas, é fácil perceber o impacto que o estímulo ao cumprimento dessas pausas tem no clima da empresa.
Desse modo, quando os profissionais podem e são incentivados a fazer pausas no trabalho, são grandes as chances de um impacto positivo no clima organizacional. Isso se explica pelo fato de que os profissionais se sentem valorizados e, como consequência, tendem a se mostrar mais abertos, motivados e satisfeitos, além de produtivos e criativos.
Diminuição do turnover
Não é difícil ver altas taxas de turnover nas empresas em que é grande o acúmulo de trabalho e a pressão por resultados agressivos. Não coincidentemente, boa parte delas não estimulam ou não dão a oportunidade de seus profissionais fazerem pausas no trabalho, tão importantes para a saúde mental, inclusive.
Dessa forma, as pausas no trabalho também são de grande importância quando falamos em rotatividade e taxas de turnover, já que a falta delas pode gerar exaustão e, consequentemente, demissões voluntárias.
Redução das chances de lesão e doenças do trabalho
Segundo dados do INSS, no ano de 2017, a concessão de benefícios devido ao afastamento representou 11,9%. Quando a pessoa é acometida por doenças do trabalho, há a necessidade de se afastar por pelo menos 15 dias, o que afeta toda a rotina de trabalho de um time e os resultados da organização.
Por essa razão, além de estimular as pausas no trabalho, as lideranças e a empresa também têm a oportunidade de trazer mais informações sobre postura, bem como fornecer os equipamentos adequados - levando em conta a ergonomia do escritório ou do home office.
O que diz a lei sobre pausas no trabalho?
A lei distingue os intervalos intrajornada e interjornada. Segundo a CLT, os intervalos intrajornada são aquelas que ocorrem com duração de uma hora. Normalmente, a pessoa colaboradora o utiliza para almoçar, mas ela pode aproveitar esse período para qualquer execução de demanda, de acordo com as suas necessidades. No caso do intervalo interjornada, é necessário a pessoa ter um descanso de pelo menos 11 horas entre uma jornada e outra.
Essas informações estão presentes no artigo 71 da CLT:
“Art. 71 – Em qualquer trabalho contínuo, cuja duração exceda de 6 (seis) horas, é obrigatória a concessão de um intervalo para repouso ou alimentação, o qual será, no mínimo, de 1 (uma) hora e, salvo acordo escrito ou contrato coletivo em contrário, não poderá exceder de 2 (duas) horas.”
Como as lideranças e o RH podem atuar nesse sentido?
Porém, uma dúvida comum entre as empresas está em como as lideranças e os Recursos Humanos podem atuar nesse sentido.
Promover momentos de integração
Indicamos sempre que as lideranças envolvam liderados e lideradas para momentos de integração. Durante a semana, reserve uma hora para que todos e todas possam conversar sem abordar nenhum tema relacionado a trabalho.
Há a oportunidade de, a cada encontro, discutirem um assunto diferente, de acordo com os gostos e interesses do time. Bloqueie esse período na agenda e coloque-o como prioridade, especialmente para casos em que o trabalho remoto predomina.
Com cada um em sua casa, encontros como esses para conversarem coisas "aleatórias" ficam menos comuns. Isso faz toda a diferença para a percepção da pessoa colaboradora em relação ao ambiente de trabalho e à equipe.
Identificar se a pessoa está sobrecarregada
Utilize as one-on-ones para identificar se a pessoa está sobrecarregada de funções. Se isso ocorrer, dificilmente ela está promovendo pausas no trabalho, uma vez que o tempo para as demandas está curto devido à quantidade de tarefas que precisam ser executadas.
Por isso, é essencial elencar prioridades no início de cada semana. Muitas vezes, a pessoa destina foco para o que não é tão importante para aquele momento. A liderança tendo essa visão possibilitará que as estratégias do time sejam levadas em conta no momento de definir o que vai ser executado naquele período, o que aumenta as possibilidades de os resultados macro também serem mais positivos.
Neste conteúdo, você pôde entender sobre a importância das pausas no trabalho, conferir dicas de como as lideranças podem auxiliar nesse sentido, além de analisar o que diz a CLT sobre o tema. Como vimos, a relação próxima entre gestão e pessoa colaboradora é essencial para que haja esses momentos dentro do time, o que acarretaria em menos estresse e, consequentemente, menores taxas de turnover e absenteísmo.
Por falar em turnover, se você deseja saber um pouco mais sobre o tema, continue no blog e acompanhe nosso outro material!