Em empresas e organizações, a liderança é um dos pilares para a cultura e o clima organizacional. Sabemos que existem diferentes tipos de liderança que podem ser desenvolvidos em uma equipe, não havendo um modelo certo — e a liderança democrática, centrada na colaboração, é um desses estilos.
Porém, há dúvidas entre as pessoas sobre o momento ideal para utilizá-la, bem como o processo para desenvolvê-la. Neste material, a gente explica um pouco mais sobre liderança democrática. Continue a leitura e tire suas dúvidas!
O que é a liderança democrática?
A liderança democrática é um modelo focado na colaboração da equipe, com um líder que tende a:
- consultar mais os seus liderados e lideradas;
- abrir conversas;
- estimular a vinda de novas ideias;
- estar atento à inovação do time para promover melhores resultados;
- entre outros pontos.
A pessoa que assume esse estilo de gestão deve buscar ativamente a opinião de seu time, confiando mais do que direcionando. Ou seja, deve haver uma prioridade na motivação, na comunicação e no desenvolvimento das pessoas em seus projetos.
Inclusive, se alinha bem com a etimologia da palavra democracia. Afinal, é formada por demos (que significa “povo”) e kratos (que corresponde a “poder”). Ou seja, é fornecer poder para que as pessoas possam tomar decisões, participar ativamente das diferentes estratégias da empresa e fazer alterações de rota em seus projetos conforme identificarem a necessidade.
Quais as características ideais de uma liderança democrática?
Existem algumas características que devemos levar em consideração quando nos referimos à liderança democrática. A seguir, selecionamos algumas das principais.
1. Atuar sem superioridade
O primeiro critério a ser considerado é o de trabalhar sem superioridade. A liderança não pode ter uma postura de arrogância e deve ser sempre acessível às possíveis dificuldades apresentadas pelos seus membros.
Vamos a um exemplo: uma pessoa que tenha menos experiência que seus liderados e lideradas, por exemplo, provavelmente não vai assumir a mesma postura de um líder que tenha mais experiência que a equipe.
Nesse caso, adotar um estilo democrático é um ótimo caminho, uma vez que há uma tendência de ouvir mais as pessoas e contribuir para que elas possam executar as demandas da maneira que considerarem mais importante.
2. Fornecer constantes feedbacks
Feedback é o processo no qual uma pessoa contribui para que a outra possa se desenvolver a partir de suas próprias percepções, sejam negativas, sejam positivas. No caso da liderança democrática, especialmente pela diversidade de opiniões com pesos semelhantes, é ainda mais importante manter uma comunicação clara e eficaz.
No entanto, é importante ressaltar que o feedback deve ser uma prática implementada em qualquer equipe, uma vez que estimula a alteração de rotas conforme o objetivo do time e da empresa.
Além disso, destaca-se a necessidade de o feedback ser feito em mão dupla. Tanto liderados e lideradas quanto lideranças devem receber e dar feedbacks, conforme a necessidade identificada.
3. Encorajar a participação
Diferentemente da liderança autocrática, aqui não há centralização nas tomadas de decisão. Pelo contrário. É papel da gestão encorajar que todos participem no momento de trazer uma opinião importante, de modo que a empresa possa usufruir do potencial de cada pessoa que faz parte da equipe.
Quais os principais benefícios da liderança democrática?
A liderança democrática oferece benefícios tanto para a empresa quanto para liderados e liderados. Confira os principais!
Para a empresa
Lideranças democráticas permitem que as empresas experimentem um aumento da produtividade, uma vez que as pessoas serão estimuladas a tomarem decisões e serão envolvidas em aspectos importantes do negócio.
Além disso, tende a haver maior engajamento, justamente pelo sentimento de pertencimento despertado quando fornece mais autonomia para as pessoas.
Há ainda melhorias para a autogestão, também proporcionadas pela autonomia e também um maior comprometimento com as entregas, uma vez que as pessoas serão constantemente desafiadas a entregarem resultados mais positivos sem que haja microgerenciamento.
Por fim, lideranças democráticas proporcionam uma maior interação entre lideranças, liderados e lideradas.
Para o time
Com lideranças democráticas, são maiores as chances de que haja maior foco e motivação para a execução das atividades, pois vai haver o sentimento de que há confiança no relacionamento firmado. Além disso, há mais participação nas tomadas de decisão, sendo um fator positivo para que as pessoas possam se desenvolver e adquirir mais experiência.
O reconhecimento às atividades desempenhadas também tende a ser maior, pois os resultados positivos serão fruto do bom trabalho realizado por todo o time. Pode-se citar ainda o aumento das oportunidades para que as pessoas assumam desafios.
Para as pessoas lideradas (individualmente)
A liderança democrática permite que as pessoas lideradas possam ter autonomia ao sugerir ideias, executar projetos e participar de tomadas de decisão. Dessa maneira, são grandes os incentivos para que se desenvolvam em suas carreiras e façam entregas cada vez melhores.
Além disso, esse desenvolvimento e empoderamento pode permitir, inclusive, que se mostrem aptas a receberem méritos ou a serem promovidas, auxiliando na construção de novas lideranças na empresa.
Pode-se citar ainda a oportunidade de aprimorar os conhecimentos técnicos da área em que atuam, assim como desenvolver soft skills importantes para que alcancem o sucesso não apenas na empresa em que se encontram, mas no mercado de trabalho como um todo.
Para as próprias lideranças
A liderança democrática pode ser bastante benéfica para as lideranças, principalmente no exemplo que citamos, quando estas são novatas ou têm pouco tempo de experiência na posição. Isso porque elas podem aprender bastante com as pessoas lideradas, o que permite um desenvolvimento mútuo.
Tem-se, ainda, a possibilidade de compartilhamento de ideias e informações, além de serem oportunidades ainda melhores de inovação e criatividade. Aqui, é importante frisar que a democracia envolve, sim, a liderança e, por isso, ela precisa participar do dia a dia das tarefas, sempre orientando e opinando quando necessário.
Como desenvolver a liderança democrática?
É importante termos em mente estratégias práticas para desenvolver a liderança democrática. A seguir, apresentamos a algumas sugestões.
1. Envolver a equipe
Para isso, o ideal é que envolva a equipe na resolução de problemas e nas tomadas de decisão do negócio, ensinando habilidades necessárias para que as pessoas possam chegar até a esse momento. Também é importante promover melhorias na escuta ativa, bem como nas habilidades de facilitação.
2. Equilibrar as diferentes perspectivas
Pode parecer difícil gerenciar opiniões divergentes na equipe, uma vez que se dá voz para todo o time. Então, é preciso dar o exemplo, estar aberto, ser flexível e não envolver sempre toda a equipe em todas as decisões — isso pode deixar o processo muito lento e fazer a equipe “estacionar” como time.
3. Fazer treinamentos de liderança
Não devemos nos esquecer ainda da importância da realização de cursos e treinamentos de lideranças que permitam o desenvolvimento dessas lideranças. Isso pode ser feito de maneira autônoma, mas pode ser ainda mais efetivo quando conta com o apoio da empresa. Dessa maneira, é possível direcionar adequadamente os esforços para o contexto organizacional em que a liderança está inserida.
Quais boas práticas devem ser consideradas em uma liderança democrática?
Entre as boas práticas de uma liderança democrática, destacamos algumas especialmente.
Diálogo
Há a importância de abrir canais de diálogos e promover a troca de informações entre o time, de modo que haja um debate saudável sobre as tomadas de decisão.
Nesse sentido, é fundamental também que as pessoas tenham segurança psicológica de exporem suas ideias, mesmo quando for em um momento de discordância dos rumos tomados até então.
Alinhamento
Lideranças democráticas devem promover o alinhamento dos projetos da equipe com o dos demais times, além de garantir que haja sinergia com os objetivos macro da empresa.
Colaboração
É preciso focar continuamente na colaboração entre as pessoas, além de promover momentos em que cada um possa compartilhar conhecimentos e informações relacionados ao seu trabalho, entre outros.
Quando usar a liderança democrática?
Outro ponto que gera dúvidas no que se refere à liderança democrática é quando utilizá-la. O ideal é que esse estilo de gestão seja implementado quando há a necessidade de a equipe ter uma ideia ou chegar a um consenso.
Além disso, devemos destacar que não é comum ou indicado que seja utilizado para pessoas mais inexperientes ou que sejam muito novas na empresa. Afinal, é preciso dedicar mais orientação a esses profissionais.
Porém, mesmo nesses casos, recomendamos que esses colaboradores também tenham voz ativa na realidade do negócio.
Qual a diferença entre a liderança democrática e a liderança autocrática?
A liderança autocrática, também chamada de liderança comandante, é o oposto da liderança democrática, à medida que tem como figura central a liderança e não as pessoas lideradas.
Aqui, vai haver uma abordagem que demonstra de forma mais efetiva o poder do líder, além de haver um microgerenciamento das atividades. Em Reinventing Organizations, Frederic Laloux sugere olharmos para o nosso ego à distância e perceber que podemos aprender a reduzir a necessidade de poder e controle. Dessa forma, nos desconectamos do nosso ego.
Quando abordamos o microgerenciamento, nos referimos à dificuldade de se afastar dos detalhes do dia a dia. Isso dificulta o desenvolvimento da visão estratégica como líder e a tendência será sempre de entender qual é a rotina do time e quais são as atividades executadas naquele momento.
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Neste conteúdo da Qulture.Rocks você pôde entender mais detalhes sobre a liderança democrática, além de conferir como é possível desenvolvê-la. Conforme abordamos, não há o modelo certo de liderança a ser adotado em seu time. O ideal é entender como é a sua equipe e se adequar à cultura da organização, uma vez que esses pontos influenciam bastante para a escolha efetiva.
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