O turnover é um índice que apresenta o fluxo de entrada e saída dos colaboradores de uma organização, além de ser um dos principais indicadores analisados pela área de Recursos Humanos. Ele também é conhecido como rotatividade de pessoal e considera a relação entre admissões e desligamentos no negócio.
Por isso, um índice de turnover elevado pode ser muito prejudicial ao negócio e deve ser monitorado com atenção pelo RH. Quando a rotatividade está elevada, é sinal de que os talentos estão saindo do negócio ou, ainda, que as contratações não têm fit cultural com a organização.
Mas você sabe qual é o índice de turnover no Brasil? Confira o conteúdo e conheça os principais dados sobre o assunto!
Dados de turnover no Brasil
O Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) é o sistema de divulgação de informações sobre emprego formal do governo federal. Por meio dele, é possível acompanhar as admissões e desligamentos por período, setor e região. Confira agora os principais dados sobre a rotatividade no Brasil nos últimos anos!
Como estão os números agora?
Antes de qualquer coisa, é importante entender que o índice de turnover cresceu de forma significativa no Brasil no fim de 2022. Agosto foi o mês com mais admissões (2.078 milhões), entretanto os meses seguintes foram marcados por quedas consecutivas, até atingir o número mais baixo de todo o ano em dezembro (1.382 milhões).
Os dados também apontam que dezembro encerrou com um grande número de desligamentos (1.813 milhões), ficando atrás apenas do mês de março (1.902 milhões).
A Robert Half, consultoria de recrutamento, relatou que, em comparação ao período pré-pandemia, houve um aumento em turnover de 56%, à frente do mundo todo e acompanhado por países como França (51%), Bélgica (45%) e Reino Unido (43%).
O mesmo relatório mostrou que o percentual de saídas voluntárias por parte das pessoas colaboradoras aumentou de 33% para 48%, em comparação ao número de desligamentos feitos pela organização.
Quais as causas do alto índice de turnover no Brasil?
Os últimos anos mudaram o ambiente corporativo de forma estrutural, com a chegada definitiva do home office e do modelo híbrido, por exemplo. Diversas podem ser as causas que impactam no indicador recentemente, confira as principais relacionadas ao país!
O impacto da pandemia
Segundo os dados do Novo Caged, o saldo entre admissões e desligamentos no Brasil em 2020 foi negativo. Os desligamentos totalizaram 15,8 milhões, superando as 15,6 milhões de admissões e gerando um saldo negativo de -193.263.
Se para uma empresa o índice de rotatividade elevado é prejudicial, para a economia do país não poderia ser diferente. O resultado negativo de 2020 foi um reflexo do cenário de incerteza macroeconômica com a pandemia da Covid-19. Abril foi o pior mês daquele ano, com mais de 1,6 milhões de desligamentos no país e um saldo negativo de -981 mil.
A pandemia também impactou o turnover de diversas empresas que tiveram de realizar desligamentos que não estavam planejados para conter os custos naquele período de incerteza. Os setores do comércio e de serviços foram os mais prejudicados, acumulando um saldo anual negativo de -66 mil e -312 mil, respectivamente.
Isso demonstra que, apesar dos esforços realizados internamente pela área de RH e pelas lideranças da empresa serem muito importantes para a retenção dos talentos, o cenário econômico pode ser determinante para o índice de turnover.
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Ritmo de recuperação econômica
Por conta dos impactos da pandemia, a recuperação da economia do país se deu de forma lenta, com uma progressão muitas vezes barrada pelas limitações do confinamento, por exemplo. Entretanto, já podemos ver melhores resultados.
Em 2021, a relação entre admissões e desligamentos no Brasil foi positiva, com um total de 20,8 milhões de admissões e 18,1 milhões de desligamentos. Apesar do resultado positivo, o total de demissões superou o resultado do ano anterior, indicando um aumento da rotatividade no mercado de trabalho.
O setor de serviços foi o que mais contratou, com mais de 9,3 milhões de admissões e um saldo positivo de 1,2 milhões. A retomada do crescimento econômico com a ampliação da vacinação para a Covid-19 foi decisiva para os resultados do setor.
Mas a retomada da economia não é suficiente para que as empresas fiquem despreocupadas com seus índices de turnover.
Ambiente de trabalho
Há uma série de fatores internos tão importantes quanto o cenário econômico que podem prejudicar o turnover em uma organização. Dentre eles, podemos destacar:
- ausência de uma cultura organizacional sólida;
- excesso de trabalho para os colaboradores;
- falta de alinhamentos e de expectativas;
- falta de reconhecimento e de plano de carreira;
- salários abaixo dos valores do mercado;
- ausência de feedbacks dos líderes;
- um ambiente de trabalho negativo.
Esses fatores relacionados ao entorno da pessoa colaboradora podem impactar negativamente no desempenho individual e de equipes, o que ocasiona em uma má performance para toda a organização.
Turnover nas empresas brasileiras
Embora a pandemia tenha causado grande impacto no índice de turnover, ele vem crescendo desde o pré-pandemia.
Segundo dados do DIEESE (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), a rotatividade no Brasil em 2015 foi de 54,8%. Dentre as principais causas de desligamento, destaca-se a “demissão sem justa causa” realizada por iniciativa do empregador, ou seja, quando a empresa decide desligar o profissional.
No mesmo ano, as demissões sem justa causa representaram 51,9% dos desligamentos, indicando a falta de alinhamento entre as empresas e seus colaboradores. Isso fica ainda mais evidente quando observamos o total de desligamentos entre os profissionais admitidos naquele ano.
Apesar dos dados não refletirem a queda das admissões e desligamentos devido à recessão econômica a partir de 2015, é possível notar uma tendência de rotatividade elevada no mercado de trabalho brasileiro, o que indica que o turnover representa um desafio para as empresas do país.
Ainda segundo dados de 2017 da FecomercioSP, o comércio apresentava a taxa de rotatividade mais alta entre os setores da economia por ser mais suscetível às oscilações da economia. Além disso, como os custos com o turnover não podem ser repassados para os preços, impactam diretamente a lucratividade e representam um risco para as empresas.
Por que as empresas devem se preocupar com o turnover?
Um dos principais problemas que o turnover elevado gera para as empresas são os custos com o desligamento dos colaboradores e a contratação de novos profissionais. Além de indicar que as estratégias e práticas de retenção de talentos da organização não estão funcionando, o turnover alto também gera:
- custos com o desligamento dos funcionários (multa por desligamento, décimo terceiro e férias proporcionais, etc);
- custos com recrutamento e seleção para preenchimento das vagas (plataformas de vagas, tempo destinado pela equipe no processo, etc);
- custos para a adaptação das pessoas contratadas (tempo destinado pela equipe nos treinamentos, onboarding, etc).
Além disso, o alto índice exige a necessidade de elaborar um novo processo seletivo, que pode levar algumas semanas até encontrar a pessoa ideal. Lembre-se: essa etapa exige cautela por parte de sua equipe de Recursos Humanos, uma vez que a contratação equivocada pode ocasionar em mais uma baixa para o seu time em um curto espaço de tempo.
O tempo de capacitação de novos profissionais também pode demorar, com as pessoas sendo apresentadas à empresa e às funções que serão exercidas por esse profissional. Nesse sentido, o rendimento não será dos melhores, já que se dará necessário o período de adaptação ao negócio.
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Como reduzir o turnover nas empresas?
1. Faça um processo seletivo estratégico
Entre as dicas que podem ser adotadas, padronize as entrevistas feitas. Conheça quais são os pontos que deseja abordar com o candidato, registrando valores necessários em um scorecard. Tal estratégia impedirá que o recrutador caia na armadilha psicológica da impressão causada em apenas 10 segundos por um candidato, comprovada pela Universidade de Toledo, nos Estados Unidos.
Além disso, se preocupe sempre em tomar decisões baseadas em dados. Entenda quais são os pontos em comuns dos candidatos reprovados e quais são os cargos mais difíceis de manter pessoas. Outro ponto importante: não deixe de lado o desafio técnico, no qual o profissional terá a oportunidade de desenvolver uma atividade similar àquela desenvolvida no cargo.
2. Elabore uma pesquisa de clima organizacional
Para entender como anda a percepção das pessoas colaboradoras, é preciso aplicar uma pesquisa de clima organizacional na empresa. O resultado é apenas um diagnóstico, mas ele serve para que as lideranças apliquem um plano de ação focado na solução dos problemas.
Com isso, o RH terá em mãos a percepção dos profissionais com relação a diversos aspectos do ambiente corporativo, possibilitando a tomada de medidas mais adequadas. Isso se aplica até em casos mais específicos. Exemplo: caso o turnover esteja elevado somente em uma área, há a possibilidade de entender o porquê disso.
3. Analise a remuneração
Talvez a remuneração da sua empresa não seja competitiva em relação ao mercado. Caso não seja, planos de ação podem ser aplicados em relação a isso, como a realização de benchmarking com outras empresas, uma pesquisa de mercado para fazer um comparativo com os salários de diferentes áreas, entre outros pontos.
Recomenda-se, ainda, que tenha uma pessoa analista de remuneração e benefícios, uma vez que ela vai cuidar principalmente de criar um plano de cargos e salários, no qual terá regras claras de promoção, aumento, entre outros pontos.
4. Reconheça os profissionais
De acordo com um levantamento realizado pela Psycometrics em relação ao envolvimento das pessoas com o local de trabalho no Canadá, quando questionados sobre o que as lideranças poderiam fazer para melhorar o engajamento, o resultado foi o seguinte:
- comunicação clara das expectativas — 71%;
- ouvir a opinião dos colaboradores — 62%;
- dar reconhecimento — 52%.
Por essa razão, estudar ações para estimular o reconhecimento na empresa deve ser uma prioridade. Entre elas, pode-se destacar:
- invista em um programa de reconhecimento e não deixe de comunicá-lo para as pessoas da empresa, uma vez que elas se sentirão motivadas para usufruir dos benefícios apresentados pelo negócio;
- adapte constantemente o programa de acordo com as expectativas das pessoas colaboradoras. Ter esse conhecimento é essencial para que a estratégia seja aperfeiçoada continuamente;
- pratique elogios de forma contínua, a começar pelas lideranças, uma vez que estimulam o time a também elogiar os feitos de seus colegas.
5. Dê oportunidades de crescimento
Por meio das reuniões de one-on-one, os profissionais têm um contato mais direto com suas lideranças. Nesses encontros, as pessoas podem trazer pautas sobre tópicos que queiram desenvolver, de modo que a gestão auxilie com as estratégias que podem ser adotadas para alcançar esse objetivo.
Além disso, há a oportunidade de criar um Plano de Desenvolvimento Individual, uma ferramenta que é capaz de monitorar o desempenho das pessoas e o desenvolvimento de competências. Entre as vantagens do PDI para profissionais, destacamos:
- aumento da produtividade, uma vez que as pessoas colaboradoras terão um entendimento mais preciso sobre as ações que precisam executar para alcançar o objetivo;
- melhor cumprimento de metas, além delas serem traçadas visando o desenvolvimento das competências;
- maior aproximação entre lideranças, liderados e lideradas.
Neste conteúdo, você pôde conhecer os principais dados sobre o índice de turnover no Brasil e como eles impactam as empresas. Como vimos, a rotatividade no país ainda é elevada e representa um grande desafio para as empresas, pois indica a dificuldade de retenção dos talentos e gera custos.
Se você quiser saber mais sobre o índice de turnover e entender como calculá-lo em seu negócio, continue no blog e confira o conteúdo completo que produzimos sobre como realizar o cálculo de turnover com precisão na empresa!