Por meio da gestão humanizada, a área de RH e as lideranças se preocupam em manter os resultados da empresa de acordo com o estipulado previamente, mas sem deixar de lado a preocupação com o bem-estar de colaboradores, com o engajamento deles com o time, além de estarem atentas à retenção de talentos e aos níveis de absenteísmo.
É comum que a empresa se preocupe com a sua base de clientes, esteja atenta quanto a satisfação que ela tem em relação aos produtos e serviços oferecidos e implemente continuamente melhorias para atender aos principais feedbacks recebidos.
Porém, nada disso é suficiente se também não houver uma atenção especial para os seus colaboradores: nesse sentido, é preciso buscar por ferramentas e metodologias que possibilitam uma percepção mais positiva das pessoas em relação às políticas, práticas e processos do negócio.
Dessa forma, a gestão humanizada se destaca. Neste conteúdo, explicaremos detalhadamente do que se trata, quais os ganhos que ela traz para a empresa, além de apresentar dicas de como aperfeiçoá-la. Continue a leitura e saiba mais!
O que é gestão humanizada?
Nos últimos anos, houve uma mudança de paradigmas nas empresas. Antes, a preocupação estava exclusivamente em alcançar os resultados pré-estabelecidos, mas não havia tanta preocupação no modo como as pessoas efetuavam as suas demandas para chegar até esses números.
Hoje, há uma maior humanização na gestão de pessoas, em que há a preocupação com o desempenho da organização, mas sem deixar de lado alguns elementos essenciais para que a empresa alcance o sucesso: entender a percepção de colaboradores e colaboradoras em relação às políticas, práticas e processos do negócio, além de traçar planos de ação para reter os principais talentos do time, bem como melhorar alguns indicadores para RH.
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Quais são os principais pilares da gestão humanizada?
A gestão humanizada conta com 3 importantes pilares, que vamos explicar melhor a seguir.
Observar
Primeiro, é importante que a liderança observe as pessoas colaboradoras e suas demandas. Muitas vezes, existem os riscos de um(a) profissional estar sobrecarregado e assumir ainda mais funções, o que comprometeria a sua qualidade de vida no trabalho, o seu desempenho nas atividades e afetaria até mesmo o clima organizacional da empresa (abordaremos sobre ele mais adiante).
Também é importante que sejam levadas em consideração as subjetividades das pessoas. Ao ofertar um feedback construtivo, por exemplo, existem profissionais que são emocionalmente mais sensíveis. Nesse caso, é preciso ter um tato maior e uma necessidade de escolher bem as palavras para que a mensagem seja transmitida com efetividade, de modo que impacte apenas no desenvolvimento daquela pessoa.
Aproximar
Outro ponto de uma gestão humanizada é a aproximação. As pessoas precisam sentir confiança e uma conexão com as suas lideranças, uma vez que isso reflete diretamente na segurança psicológica do time.
Para se ter uma ideia sobre essa importância, Paul J. Zack, professor de ciências econômicas, psicologia e administração na Universidade de Claremont, elaborou um estudo para identificar o nível de segurança psicológica de mais de 1000 profissionais nos Estados Unidos. De acordo com o seu levantamento, quando profissionais acreditam trabalhar em um espaço altamente seguro, se sentem 50% mais produtivos(as), 76% mais engajados(as) e 50% mais propensos(as) a permanecerem na organização.
Adaptar
Por fim, é importante que a empresa se adapte às necessidades da pessoa colaboradora. Porém, esse é considerado um dos pilares mais complexos, uma vez que diferentes profissionais contam com diferentes realidades e necessidades. Justamente por isso, a pesquisa de clima se torna uma importante ferramenta de análise para entender os pontos mais importantes que precisam ser trabalhados no que diz respeito à percepção de colaboradores e colaboradoras em relação às políticas, práticas e processos.
Quais os diferenciais de uma gestão humanizada? Confira 4 benefícios!
A seguir, apresentamos alguns dos benefícios de contar com uma gestão humanizada. Confira!
1. Maior engajamento
De acordo com um estudo conduzido pela Gallup, no Brasil, apenas 27% dos colaboradores são ativamente engajados. Enquanto isso, 15% deles são ativamente desengajados — um número alto, tendo em vista que essas pessoas tendem a desestimular outros colaboradores do time, o que traz os riscos de haver um clima organizacional negativo.
Nesse sentido, torna-se necessário estabelecer estratégias para que a empresa possa melhorar esse quadro e usufruir de um melhor desempenho — uma vez que colaboradores engajados buscam constantemente por melhorias em suas funções e em suas demandas, o que acarreta em um melhor desempenho para a empresa como um todo.
Quando há uma gestão humanizada, consequentemente as lideranças terão uma atenção maior na individualidade de cada profissional. Durante as conversas de one-on-ones — abordaremos sobre essa prática mais adiante —, há a possibilidade de entender como o indivíduo está se sentindo em seu cargo, quais são os aspectos pessoais que influenciam na sua produtividade, entre outros aspectos.
Dessa forma, além de aperfeiçoar o relacionamento entre gestão e colaborador, a pessoa terá o entendimento de que a empresa se preocupa com ela no nível pessoal, bem como está atenta ao seu desenvolvimento enquanto profissional.
2. Maior produtividade
Conforme mencionamos, alcançar metas ainda é um fator importante para o colaborador. O que muda é a maneira como a empresa vai acompanhar esse desempenho, de modo que possa auxiliar o profissional nas possíveis dificuldades que venha a ter durante esse percurso.
De acordo com um levantamento realizado pela Universidade de Warwick, no Reino Unido, investimento em bem-estar só tem a acrescentar para a empresa: profissionais felizes são 12% mais produtivos que os demais.
Em um outro levantamento, feito pela Universidade da Califórnia, há uma alta de 37% nas vendas quando há essa preocupação — e a organização conta com pessoas 3 vezes mais criativas quando há satisfação com o espaço de trabalho. Deve-se ressaltar que todos esses estudos demonstraram que os resultados são prejudicados quando há insatisfação de colaboradores.
Por todos esses motivos, uma gestão humanizada traz ganhos não apenas para o colaborador, como também para a empresa, que poderá usufruir e analisar de perto crescimento em seus resultados.
3. Atração de talentos
Hoje, não é somente a empresa que opta por um profissional — essa decisão é recíproca, uma vez que cada dia mais as pessoas se preocupam em entender os princípios e valores da organização, bem como analisar a percepção de outros profissionais em relação àquela experiência.
Existem sites especializados, por exemplo, que são canais para que as pessoas possam trazer seus depoimentos sobre determinada marca, abordando diferentes aspectos de sua vivência naquele local. Caso um talento não se identifique com o que foi analisado, ele pode desistir de dar continuidade no processo seletivo, reduzindo as oportunidades de conquistar pessoas qualificadas.
4. Redução do turnover
Taxas de turnover e de absenteísmo altas trazem prejuízos relacionados ao capital humano e também para os gastos da empresa. Deve-se destacar o fato de que contratar e desligar colaboradores gera gastos para o negócio. Entre eles, ressaltamos:
- Treinamentos de novos colaboradores;
- Questões burocráticas — para estar em dia com a legislação trabalhista;
- Custos com processos seletivos, entre outros.
Nesse sentido, existe a necessidade de traçar estratégias que reduzam a rotatividade, uma vez que vai trazer benefícios para o clima organizacional, para o relacionamento com clientes e para a gestão de informação da empresa.
Como promover uma gestão humanizada?
Agora que você já sabe sobre a importância de uma gestão humanizada para a empresa, chegou o momento de entendermos algumas dicas de como promovê-la na organização. Confira!
Prática de feedbacks
Feedback é o processo no qual uma pessoa contribui para que a outra possa se desenvolver de acordo com as suas próprias percepções. Gostamos de fazer uma analogia do feedback com o mapa de papel e o GPS. Ambos contribuem para que a pessoa possa chegar ao seu destino. No entanto, o GPS vai orientar durante o trajeto sobre o melhor fluxo, fazendo desvios de rota para que haja um maior sucesso durante esse processo.
O feedback é justamente isso: profissionais trarão suas percepções para que seus colegas, lideranças ou liderados e lideradas possam entender sobre pontos que devem aperfeiçoar, além de elogiar sempre que um trabalho exceder às expectativas do time.
Reconhecimento
De acordo com um outro estudo conduzido pela Gallup, pessoas que sabem que terão reconhecimento pelo seu bom trabalho têm mais incentivos a realizarem suas demandas com mais qualidade. Além disso, segundo um levantamento feito pela mesma empresa, 65% das pessoas que deixaram seus empregos afirmaram não ser devidamente reconhecidas.
Por fim, de acordo com a Psychometrics, 52% das pessoas, ao serem questionadas sobre o que as lideranças poderiam fazer para aumentar o engajamento, afirmaram que o reconhecimento era uma das principais práticas.
A gestão humanizada está atenta em reconhecer o que a pessoa fez de positivo em suas funções: se ela alcançou os resultados pré-estabelecidos e atingiu os objetivos do ciclo, certamente tem algo a ser valorizado e que pode ser compartilhado com o time ou até mesmo com toda a empresa.
Reuniões de one-on-one
One-on-ones são reuniões periódicas entre lideranças, liderados e lideradas que contribuem para um melhor fluxo de informações de baixo para cima — o que possibilita à gestão tomar medidas proativas em vez de reativas.
Esse é o momento que profissionais podem se abrir com suas lideranças, seja pelas dificuldades encontradas para executar as demandas do dia a dia, seja para tratar sobre aspectos pessoais que eventualmente prejudicam a produtividade do membro.
Especialmente em contextos mais desafiadores como o atual, essa é uma prática que deve ser valorizada pelas equipes, pois contribui para que liderados e lideradas possam se abrir e trazer suas percepções sobre os mais diversos aspectos de sua experiência, contribuindo para um melhor alinhamento entre gestão e colaboradores.
Pesquisa de clima organizacional
Clima organizacional é a percepção de colaboradores e colaboradoras em relação às políticas, práticas e processos de um negócio. Quando o clima organizacional é positivo, consequentemente a percepção das pessoas também é positiva.
Como dissemos, a adaptação da empresa às necessidades das pessoas colaboradoras é um dos pilares mais complexos de uma gestão humanizada. Ao aplicar a pesquisa de clima organizacional, você tem a oportunidade de conferir como é essa percepção em relação aos mais diferentes aspectos da experiência da pessoa colaboradora, seja da empresa como um todo, seja de um time.
Entenda: suponhamos que as taxas de turnover da equipe de tecnologia estão muito mais elevadas do que a do restante da empresa. Ao aplicar a pesquisa de clima para essa equipe em específico, há o entendimento de que o salário desse time está pouco competitivo em relação ao mercado, além de eles não se sentirem próximos de sua liderança.
Atuando nesses pontos, promovendo one-on-ones mais frequentes e fazendo uma reestruturação do time, há a oportunidade de essas ações impactarem o clima da equipe de tecnologia como um todo. Essa preocupação impacta diretamente nos resultados e no engajamento da empresa, além de ser a oportunidade de promover a gestão humanizada para a área (e para toda a organização).
Treinamentos e capacitações das lideranças
Para uma gestão humanizada, as lideranças devem estar preparadas para diferentes desafios. Por essa razão, o ideal é que haja treinamentos e capacitações de profissionais que ocupam esses cargos para entenderem os desafios de estar à frente de uma equipe, dicas para se adaptarem a diferentes contextos, entre outros cursos que contribuirão diretamente para que haja uma proximidade maior entre lideranças, liderados e lideradas.
Além disso, treinamentos para lideranças contribuem para:
- que haja o entendimento de boas práticas para a resolução de conflitos, quando eles existirem;
- que dissemine boas práticas para a empresa, especialmente se houver uma cultura de aprendizado;
- que norteie o negócio de forma mais efetiva para os seus objetivos;
- que conheça melhor o mercado;
- que aumente o networking de toda a equipe, entre outros.
Oportunidades de desenvolvimento
Gestão humanizada também é aquela que se preocupa com as oportunidades de desenvolvimento do time. Por isso, o ideal é que, durante as one-on-one, as lideranças realizem junto às pessoas colaboradoras o Plano de Desenvolvimento Individual.
Entre as vantagens que essa prática traz para a equipe, destacamos especialmente:
- aumento da produtividade;
- melhor cumprimento de metas;
- aproximação entre gestão e pessoas lideradas, entre outros.
Para que possa executar um PDI com efetividade, indicamos:
- junto à pessoa colaboradora, alinhe uma área que pretenda desenvolver;
- construa um PDI com estratégias mais específicas (ex: ler artigos, pedir feedbacks, definir objetivos etc.);
- defina um cronograma das ações;
- acompanhe o PDI periodicamente, especialmente nas reuniões de one-on-one etc.
Neste conteúdo, você pôde entender o que é gestão humanizada, quais os ganhos de adotá-la, além de conferir dicas que podem ser implementadas para que a empresa usufrua com mais qualidade dos ganhos apresentados. É importante, ainda, que as lideranças constantemente coletem feedbacks de seus liderados e lideradas, uma vez que essas percepções podem impactar em mudanças da rotina, aperfeiçoando constantemente o relacionamento da equipe.
Ao longo do material, mencionamos sobre algumas práticas de gestão de desempenho importantes para a organização. Além de todas elas, não podemos deixar de lado a avaliação de desempenho — que se trata do ápice de um ciclo bem estruturado de gestão de desempenho. Se você deseja saber um pouco mais sobre o assunto, continue no blog e boa leitura!